quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Marina adia apoio a Serra ou a Dilma de olho em 2014

A candidata derrotada à Presidência, Marina Silva (PV), não foi para o segundo turno, mas seus quase 20 milhões de votos a obrigaram a continuar na campanha - resta saber de quem. De olho em seu próprio discurso durante as eleições e em seu projeto velado de voltar a disputar a Presidência em 2014, ela empurrou sua decisão de apoiar Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB) só para daqui a duas semanas.
Marina passou toda sua campanha dizendo que Serra e Dilma eram iguais e que, em nome da “renovação na política”, o eleitor deveria escolhê-la. Agora, é disputada pelos concorrentes, que são só elogios à ex-candidata.
O cientista político Marco Antônio Villa, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), diz que Marina acabou se transformando em uma alternativa para um conjunto amplo de pessoas, “que vai de ambientalistas, a estudantes e religiosos”. Contrariar seu discurso ao apoiar Dilma ou Serra poderia comprometer a imagem criada por ela diante desses eleitores e afundar seus planos para o futuro.
- Ela ganhou votos por conta de como se apresentou. Ela juntou empresários com visão diferente de sociedade e entrou no meio de duas candidaturas que colocaram em disputa as figuras dos candidatos, não seus programas. Marina tentou mostrar que era diferente, e acabou conquistando algumas pessoas.
Mas esse não é o único problema de Marina. Ela está entre a cruz e a caldeirinha porque seu partido tende a apoiar Serra e ela, no entanto, foi uma das fundadoras do PT.
- Até pouco tempo atrás ela estava no governo [do presidente Luiz Inácio Lula da Silva].
Enquanto ela não se decide, colegas de partido vão se juntando ao tucano. O candidato derrotado ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira (RJ), por exemplo, já declarou apoio a Serra nesta segunda etapa da campanha eleitoral.
Por outro lado, os votos conquistados no primeiro turno podem dar a Marina força suficiente para tomar uma decisão diferente da legenda.
- Esses votos são dela, não do PV, que não fez nenhum governador e elegeu uma bancada pequena no Congresso.
Em nota enviada na noite de ontem na qual desmente uma possível negociação com dirigentes petistas, a própria senadora admite que sua candidatura se tornou maior que o partido.
Villa aposta em uma saída “à francesa” para Marina.
- Tem eleitor que deseja o apoio dela a Dilma e quem quer que ela apóie o Serra. Mas ela pode fazer uma saída discreta, à francesa: ela pode listar alguns princípios, entregar aos dois candidatos e declarar neutralidade ou apoio a quem seguir suas recomendações.
Por enquanto, Marina faz os dois ex-adversários esperarem com a desculpa de que vai aguardar uma convenção do PV para resolver o melhor caminho a seguir.
R7

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