sábado, 11 de dezembro de 2010

Criança atropelada na Avenida Pedro Taques terá órgãos doados

A família de Gabriel, de nove anos, que teve morte encefálica confirmada na manhã de quinta-feira (9) por traumatismo craniano, autorizou nesta sexta-feira (10) a doação dos órgãos do menino, que foi atropelado por um carro e acabou sendo jogado contra um ônibus coletivo na semana passada, na Avenida Pedro Taques.

No início da noite desta sexta-feira, a Central de Òrgãos de Curitiba encontrou um receptor para os órgãos de Gabriel. "Uma equipe médica deve chegar a Maringá durante a madrugada deste sábado para fazer a retirada de múltiplos órgãos", afirma a a supervisora de enfermagem de Setores Críticos da Santa Casa de Maringá, Franciele Fernanda Santim.
O nome e endereço dos receptores são mantidos em sigilo. Ainda não foram definidos quais órgãos serão doados. "As córneas com certeza serão transplantadas. Em relação aos outros órgãos, os médicos retirarão somente os que forem encontrados em perfeito estado, e que tenham um receptor compatível", explica.
Após a retirada dos órgãos, o corpo do garoto deve ser encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Maringá e posteriormente entregue à família para ser sepultado. "Acredito que isso acontecerá no início da noite de sábado", fala Franciele.
O garoto está respirando por de aparelhos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e os órgãos estão sendo mantidos apenas com soro fisiológico na veia, para a hidratação, possibilitando que eles possam ser utilizados em transplantes. A morte encefálica é a definição legal e científica de morte.
Segundo a supervisora, existiu uma dificuldade em encontrar receptores de órgãos. "É necessário preencher uma série de quesitos para não haver rejeição, como a altura, peso, tipo sanguíneo, entre outros. Em crianças, a dificuldade aumenta", afirma.
A corrida para que os órgãos de Gabriel possam dar vida à outra criança, agora é contra o tempo. "Quando um receptor compatível é encontrado, uma equipe médica de Curitiba vem até nós, de jato ou helicóptero, para realizar a cirurgia de retirada dos órgãos necessários, e imediatamente levar ao receptor. O procedimento deve ser feito rapidamente, pois não há meios de armazenamento, e depois que o coração do doador pára de bater, não é possível utilizar os órgãos, com exceção da córnea", fala Franciele.
Dor da família
A enfermeira Franciele conversou com a família do garoto atropelado, que não quis falar com a imprensa. "Eles estavam muito chocados, mas fortes e unidos. Estavam cansados, pois sofrem há uma semana com a ansiedade e o medo da morte. Agora, a situação está definida. A atitude de doar os órgãos foi heróica, pois, geralmente, os parentes estão revoltados e acabam resistindo à doação", conta.
Franciele disse que ao dar a notícia da morte encefálica à família, eles ainda resistiram, pois tinham esperança que o garoto pudesse retornar à vida. "É sempre uma notícia difícil de aceitar. Mas a morte encefálica significa que, embora a respiração esteja sendo mantida artificialmente, não há mais esperança de vida. Não existem relatos de pessoas que voltaram a viver depois de decretada a morte encefálica", conta.
Franciele explica que a política da Santa Casa não permite que o aparelho respirador seja desligado. "Só decretamos a morte cardiorespiratória quando o coração pára de bater naturalmente. Isso pode levar horas ou meses após a morte encefálica", ressalta.
O acidente
Gabriel foi atropelado na quinta-feira (2) na Avenida Pedro Taques, quando ia para a escola. Segundo testemunhas, ele estava com outras crianças que teriam descido de um ônibus da Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC), de placas AOX 8073, e tentavam cruzar a via pela parte de trás do coletivo.
Ainda segundo as pessoas que presenciaram o acidente, o menino foi o único do grupo que tentou atravessar a avenida e acabou atingido por um Toyota Corolla que trafegava na pista da esquerda. O motorista ainda tentou frear, mas não conseguiu impedir o choque, que jogou o garoto contra a lataria do ônibus. Gabriel sofreu traumatismo craniano e foi levado inconsciente ao hospital.Rubia Pimenta

Nenhum comentário: