domingo, 9 de janeiro de 2011

Gaeco investiga esquema de compra de carteira de motorista


O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Maringá, apura denúncias de um esquema de facilitação, por parte de funcionários do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), para a obtenção e a renovação de carteiras nacionais de Habilitação (CNHs).
Há indícios de que, mediante pagamento, até quem não sabia dirigir teria conseguido o documento para assumir o controle de um veículo. Além disso, existem suspeitas de fraudes na suspensão de multas de trânsito e de retirada dos pontos na carteira de motoristas e motociclistas infratores, que teriam pagado propina para zerar a pontuação e não perder o documento.
As investigações foram iniciadas no segundo semestre do ano passado e envolvem mais de sessenta pessoas, entre servidores públicos estaduais, profissionais liberais, empresários e funcionários ligados a autoescolas e motoristas.
Entre a manhã e a tarde desta sexta-feira, quatro suspeitos prestaram depoimentos na sede do Gaeco. Foram ouvidas três psicólogas e um despachante.
O envolvimento das profissionais de Psicologia estaria relacionado com a realização de exames psicológicos, obrigatórios para os condutores que executam atividades remuneradas, como os caminhoneiros e os motoristas de ônibus.
Com a autorização da Justiça, o Gaeco buscou provas, como escutas telefônicas e documentos, de todos os envolvidos nas irregularidades e juntou mais de 500 horas de gravações de conversas entre os funcionários que comandavam o esquema e os motoristas dispostos a conseguir alguma vantagem.
As informações obtidas pela reportagem de O Diário são de que as investigações estão na fase de conclusão e podem vir a público no decorrer da semana.

Mais do que corrupção
Procurado pela reportagem, o promotor do Gaeco, em Maringá, Laércio Januário de Almeida, não quis falar sobre o assunto. A possibilidade de haver fraude na emissão de carteiras de motoristas e motociclistas na cidade expõe uma situação extremamente grave e, pode, inclusive, ter relação com o número recorde de mortes no trânsito de Maringá registrado no ano passado, quando 105 pessoas perderam a vida nas ruas da cidade. O motivo é que o esquema teria garantido documentos de habilitação para motoristas e motociclistas despreparados.
Em relação a 2009, quando morreram 58 pessoas no trânsito, o crescimento do número de óbitos no trânsito registrado no ano passado supera os 80%. Vale destacar ainda que, só em 2010, mais de 400 pedestres foram vítimas de atropelamentos, engrossando uma estatística que supera a marca de 4.500 acidentes durante o ano passado.
Um dos grandes problemas é que pouco tem sido feito para punir os responsáveis, seja pela falta de funcionários na Delegacia de Trânsito, por exemplo, ou por uma atuação branda da promotoria. Em dezembro do ano passado, O Diário mostrou que, de 3.215 acidentes graves, que resultaram em relatório da Polícia Militar à Delegacia de Trânsito, apenas 42 inquéritos haviam sido abertos.
No mês passado também, O Diário constatou que nas cinco promotorias locais, que segundo relação do Ministério Público do Paraná, atendem casos de inquéritos de delitos de trânsito, não há informações de que alguém tenha sido denunciado à Justiça.

Tolerância zero
3.968 foi a quantidade de multas aplicada de julho a dezembro de 2010, em Maringá.O Diario

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