sábado, 29 de janeiro de 2011

Nomeações do Vaticano destacam Arquidiocese de Maringá


Além de ter uma das catedrais mais conhecidas do país, a Igreja Católica de Maringá vem se destacando de outra forma. Nos últimos meses, alguns religiosos que trabalharam na arquidiocese maringaense foram nomeados pelo Vaticano para ocupar importantes cargos. Entre eles estão os bispos dom Murilo Krieger e dom João Braz de Aviz.
Dom João será prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, no Vaticano. Já dom Murilo Krieger foi nomeado primaz do Brasil (título dado ao arcebispo de Salvador-BA, por ser esta a primeira diocese criada no país). Outra importante nomeação ocorreu no ano passado, quando foi realizada a ordenação episcopal de dom Edmar Peron, o primeiro padre nascido em Maringá a ser eleito bispo. Ele deixou uma paróquia de Marialva (na região Noroeste do estado) para assumir como bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo (SP), uma das mais importantes do Brasil.Na opinião do arcebispo de Maringá, dom Anuar Battisti (que também estava cotado para a vaga de primaz do Brasil), estas nomeações não são coincidências e o trabalho realizado nas dioceses paranaenses também foi levado em consideração. “O papa tem uma assessoria em todos os países, que são os Núncios Apostólicos, responsáveis por indicar os novos bispos e preencher as vagas que vão sendo abertas - os bispos que chegam aos 75 anos precisam renunciar. Certamente, o núncio tem uma radiografia de todos os bispos do Brasil”, explicou.
Para Dom Murilo Krieger, Maringá é um lugar em grande evidência, e isso também acaba contando. “É uma cidade referência no Brasil em vários aspectos. É claro que uma pessoa que acaba se sobressaindo em Maringá atrai mais atenção do que se fosse em outro município. E isso não ocorre somente na Igreja, mas também em outras áreas como as artes”, explicou o religioso, que está deixando o comando da Arquidiocese de Florianópolis (SC).
Uma arquidiocese com características únicas
Para dom Anuar Battisti, a arquidiocese maringaense acaba se diferenciando de outras dioceses em alguns aspectos, como na organização geográfica e social. “Aqui o povo é muito cristão e praticante. Daqui tem saído muitos exemplos de busca pela ética e moral. É o caso do Observatório Social, que hoje é uma experiência levada para o mundo todo. Nesse sentido, certamente também existe um olhar diferente para a Igreja em Maringá”, afirmou.
Outra característica levantada pelo arcebispo é o diálogo inter-religioso existente na cidade, que sedia anualmente a “Noite da Oração pela Paz”. Battisti afirmou desconhecer experiências semelhantes a essa em outras partes do país.
“É um trabalho que tem funcionado maravilhosamente bem com os mulçumanos, budistas, bahais, espíritas, evangélicos. Muitas pessoas ficam até meio escandalizadas quando um bispo vai ao terreiro da umbanda, do candomblé. Eu vou lá para conhecer as pessoas. Eu acredito muito naquela frase de Santo Agostinho que diz que a gente só ama aquilo que se conhece. A gente tem que se conhecer, independentemente de religião ou qualquer preconceito que possa haver entre nós. São todas criaturas de Deus, então porque essa distância?”
Formação personalizada de padres
Não existem grandes seminários na região, mas sim, pequenas comunidades para formação de novos padres. Segundo Battisti, o objetivo é estabelecer um relacionamento mais pessoal. “Todo ano estamos ordenando entre dois a quatro padres novos, formados com essa nova mentalidade de uma formação personalizada, para também ser resposta para as necessidades do mundo hoje”.
A medida é uma forma de chegar mais próximo dos jovens e enfrentar o individualismo do meio urbano, visto pelo bispo como uma dos maiores desafios da Igreja Católica. “As pessoas que moram em um mesmo prédio, em uma mesma rua, não se conhecem. Há um grande isolamento. O desafio está em como chegar até essas pessoas e fazer com que se sintam membros de uma comunidade, que possam estabelecer relacionamentos verdadeiros.”
Para a evangelização em Maringá, a Igreja Católica também utiliza são os meios de comunicação. A arquidiocese conta com um portal na internet, um jornal (Maringá Missão), um canal de televisão (TV Terceiro Milênio) e uma estação de rádio (Colméia AM). ”Certamente, a evangelização não se faz hoje sem os meios de comunicação social. Com o rádio, por exemplo, é possível chegar até o trabalhador que está no campo, até aquele que está no carro dirigindo. A Igreja fica mais próxima das pessoas”. Gazeta do Povo

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