sábado, 15 de janeiro de 2011
Hermas Brandão rompe relações com Beto Richa
Do Bem Paraná
O conselheiro do Tribunal de Contas e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Hermas Brandão, afirmou ontem ter rompido relações políticas e de amizade com o governador Beto Richa (PSDB). Um dos mais influentes aliados do tucano, Brandão acusa Richa de ter nomeado um adversário político, o deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), como secretário de Estado do Trabalho. Segundo ele, Romanelli – que se reelegeu deputado no ano passado – fez campanha contra o governador na eleição de 2010. Além disso, o peemedebista também teria alimentado denúncias contra seu neto, Evandro Júnior (PSDB), vereador de Maringá eleito deputado estadual em 2010. “Não tinha nada contra o Romanelli como pessoa, mas politicamente não podia admitir”, afirmou. “Ele (Romanelli) fez discurso na campanha dizendo que o Beto não tinha carteira de trabalho, porque nunca trabalhou na vida”, contou Brandão, cuja família tem base eleitoral na região do Norte do Estado, onde Romanelli também milita politicamente. Além do neto Evandro Júnior, o filho do conselheiro, Hermas Brandão Júnior (PSB), também conquistou vaga na Assembleia na última eleição.
O conselheiro, que deixou ontem a presidência do TC, disse que avisou ao governador que romperia relações com ele caso Romanelli fosse nomeado. Richa não teria levado a ameaça à sério e insistido na nomeação, com a alegação de garantir o apoio da bancada do PMDB na Assembleia. “Pelo menos oito dos treze deputados do PMDB estariam com o Beto de qualquer maneira”, avalia Brandão, que mesmo afastado oficialmente da política, continua tendo grande influência.
O ex-presidente da Assembleia deixa claro que não tem nenhuma intenção de reatar relações com o governador. Segundo ele, Richa tem lhe procurado insistentemente, e teria inclusive oferecido a possibilidade de seu grupo fazer indicações para cargos no governo estadual na tentativa de se reaproximar do antigo aliado. “Não quero nada. Não preciso de governo. Prefiro ficar com meus companheiros do interior do que ficar com o governador”, desabafou.
Assembleia — Apesar do rompimento, Brandão negou estar por trás da articulação para a formação de uma chapa contrária ao candidato do governo à presidência da Assembleia, deputado Valdir Rossoni (PSDB). “Vou manter minha palavra. Não tenho interferência. Não quero dar oportunidade ao Rossoni falar de mim o que eu falo dele. Meu neto e meu filho vão votar nele”, garantiu. Mesmo ressaltando não estar envolvido na discussão sobre as eleições para o comando do Legislativo, que presidiu entre 2001 e 2006, Brandão confirma, porém, haver resistência entre os deputados ao nome do tucano.
Desde a semana passada, crescem os rumores de que o deputado Nelson Garcia (PSDB), aliado de Brandão, pretende formar uma chapa alternativa para concorrer com Rossoni. Na quarta-feira, a assessoria do parlamentar confirmou a intenção de Garcia de concorrer. O grupo de Brandão apoiava a candidatura do deputado Durval Amaral (DEM) à presidência da Assembleia. Amaral se retirou da disputa à pedido do governador, e em troca foi nomeado chefe da Casa Civil do governo. Garcia já teria obtido a garantia de apoio de parlamentares do PSDB, PMDB, PSB, PSC e PV e de parlamentares da futura base aliada descontentes com a divisão dos cargos de segundo e terceiro escalão no governo. Na terça-feira, o deputado Osmar Bertoldi (DEM) anunciou a decisão de não integrar a base do governo, por também não concordar com a cooptação do PMDB, que na eleição, apoiou a candidatura do senador Osmar Dias contra Beto Richa. Bertoldi acusou o governo Richa de ter se tornado “uma geleia” ao atrair adversários com cargos em troca de apoio político.
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