Ele não quer. Disse isso com todas as letras na CBN Maringá. Preferia concluir o mandato. Entretanto, entre o “desejo do coração” e a determinação de seu grupo político, ficará com a segunda opção. Esta é a posição do prefeito Silvio Barros. Isso significa que ele pode deixar sim a administração municipal antes do dia 31 de dezembro de 2012.
- Não é o desejo do meu coração. Eu não gostaria de não terminar meu mandato. Ainda tem muitas coisas que eu quero fazer, ainda tem muitas coisas que eu quero deixar concluídas e não estão concluídas.
A afirmação é do prefeito. Mas ele entende que tem um papel dentro do seu grupo político. E sabe qual é seu compromisso.
- Eu não posso desconsiderar o fato de que não cheguei na prefeitura sozinho. (…) Precisou um projeto político para eu poder chegar lá. Eu não posso simplesmente virar as costas e dizer: agora o que vale é o meu interesse pessoal e o grupo político não tem interesse nenhum.
Ele continuou:
- No final do ano, eu não poderei continuar, mas nosso grupo político poderá continuar. (…) Agora fico eu no dilema aqui de saber como é que a gente vai lidar com isso, porque eu gostaria de terminar o meu mandato.
Depois de dizer isto, reafirmei – por meio de uma pergunta – o que parecia já estar claro na entrevista: Silvio Barros não quer deixar o cargo, mas pode sim abrir mão do mandato, provavelmente em março, em função do interesse maior de seu grupo político. A resposta foi direta: será um trabalho de convencimento, mas não depende apenas dele.
Como ouvi o secretário, líder do partido e irmão do prefeito, Ricardo Barros, na sexta-feira passada (23), fico com a impressão que Silvio só não deixará a prefeitura no início de 2012 caso o governador Beto Richa tenha outros planos para seu secretariado. O Ricardo quer. Tanto que defendeu a tese sem mesmo consultar o irmão.
E a ideia é simples: Ricardo deixa o governo; Silvio assume uma vaga no primeiro escalão do Estado. De tabela, o vice Carlos Roberto Pupin ganha a vaga de Silvio.
Ainda que possa parecer estranha a “construção” idealizada por Ricardo Barros, ela é bastante coerente. E só traz ganhos para o grupo que hoje comanda a cidade.
Raciocínio simples…
Ricardo não precisa da vaga de secretário. Pode até integrar o governo federal. Como vice-presidente nacional do PP, articulador político que é, fazer parte da equipe de Dilma não é uma impossibilidade. Pelo contrário. Por outro lado, não ter um cargo político também não lhe fará falta. Ele coordenará nacionalmente as campanhas do partido às prefeituras municipais. Portanto, livre, pode fazer muito mais.
Já o prefeito ficará sem mandato em 31 dezembro do ano que vem. Ter uma posição de destaque no governo estadual é um bom negócio. Dá visibilidade a Silvio Barros. Algo que fará diferença para a disputa de uma vaga em 2014 – seja para a Câmara Federal ou Assembleia Legislativa.
Quanto ao Pupin, paga-se uma espécie de dívida política com o vice, que sempre esteve ao lado de Ricardo e Silvio, mas teve pouquíssima visibilidade durante esses sete anos de administração. Além disso, por alguns meses, garante a projeção que ele não teve na gestão e que rende votos numa provável disputa pela prefeitura de Maringá.
Quer mais? Caso Pupin se torne prefeito já no início do ano, ele terá anulada a chance de disputar a reeleição em 2016, abrindo espaço para outro nome do próprio grupo. Quem sabe a própria Cida Borghetti, esposa do Ricardo.
É uma jogada de mestre. Basta saber se a população vai aceitar bem. Em especial, que desgaste poderá causar a imagem do bem avaliado prefeito Silvio Barros.
Vamos aguardar…Blog do Ronaldo Nezo
Nenhum comentário:
Postar um comentário