terça-feira, 26 de novembro de 2013

Indicadores mostram Maringá na frente de Londrina


Desde 2010, Cidade Canção gera mais emprego, mais IPI e mais ICMS.

Do Nelson Bortolin, Folha de Londrina:
A apenas 100 km uma da outra, as cidades de Londrina e Maringá têm muito em comum. Ambas estão entre as maiores do Estado e foram fundadas mais ou menos na mesma época sobre a terra roxa do Norte do Paraná. Elas têm o mesmo clima e a população, o mesmo sotaque. Tiveram na agricultura e no comércio as bases de suas economias. Mas, nos últimos anos, o ritmo de crescimento dos dois municípios vem se mostrando diferente. Maringá passou a apresentar indicadores econômicos bem mais vistosos.

A começar pelo mercado de trabalho. Desde 2011, Maringá vem criando mais empregos em números absolutos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Mesmo tendo uma população 39% maior (são 537.566 londrinenses e 385.753 maringaenses), Londrina gerou 26% menos vagas de janeiro de 2010 a outubro deste ano. O número de empregos criados no período foi de 16.091 em Londrina e 20.390 na Cidade Canção.
Ficando apenas no ano de 2013, são 6.391 novas vagas contra 8.404, respectivamente. Noutras palavras, foi criado um posto de trabalho para cada grupo de 45 maringaenses. Entre os londrinenses, essa relação é de 1 por 84.
Ampliando as comparações, agora entre microrregiões, a diferença em favor de Maringá permanece desde janeiro de 2010. No período, Londrina, Cambé, Ibiporã, Pitangueiras, Rolândia e Tamarana criaram juntas 20.562 empregos. Já Maringá, Mandaguari, Marialva, Paiçandu e Sarandi, 25.749, vantagem de 25% para a segunda região. É preciso ressaltar que a microrregião de Londrina tem 32% mais habitantes (769.182 x 580.303).
Quando o assunto é arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Maringá também vem dando olé em Londrina, de acordo com dados hospedados no site do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Em 2011, a terceira maior cidade do Estado ultrapassou a segunda. Naquele ano, a Cidade Canção recolheu R$ 608,3 milhões de ICMS, montante 31% maior que o de Londrina (R$ 462,9 milhões). No ano passado, foram respectivamente R$ 618,2 mi contra R$ 538,6 mi, uma diferença de 14% em favor de Maringá.
Neste mesmo quesito, a microrregião de Londrina segue na frente. Em 2011, os seis municípios que a formam recolheram R$ 730,5 mi, 13% a mais que os cinco da microrregião da Cidade Canção (R$ 641,9 mi). Em 2012, a diferença foi de 29% (R$ 867,4 mi contra R$ 668 mi).
Para Cláudio Tedeschi, presidente do Fórum Desenvolve Londrina, não existe outra razão para explicar o descompasso entre as duas cidades, além da política. “São muitos anos de administrações públicas ruins e tumultos”, afirma em relação às cassações dos ex-prefeitos Barbosa Neto e Antonio Belinati.
Ele destaca que Maringá não sofreu traumas políticos recentes e que as últimas administrações trataram de planejar o desenvolvimento da cidade. “O setor público no Brasil tem um peso forte na economia. Se ele não vai bem, acontece o que aconteceu em Londrina”, declara.
Tedeschi acredita que o atual prefeito, Alexandre Kireeff, “tem boa vontade” e está preocupado em fazer uma “gestão de excelência”. “Mas não se conserta a situação de Londrina em um ano”, afirma.
Mais IPI e mais empregos na indústria
Há alguns indicadores que apontam um processo de industrialização de Maringá maior que o de Londrina. Na Cidade Canção, a arrecadação de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), segundo a Receita Federal, é bem maior. Em 2010, Maringá somou R$ 44,9 mi de IPI e Londrina, R$ 31,9 mi, diferença de 40%. Em 2011, a diferença foi de 28% e, em 2012, de 15%. Em 2013, no acumulado até outubro, a distância voltou a crescer, chegando a 58%. Maringá já arrecadou neste ano R$ 42,1 mi e Londrina, apenas R$ 26,6 mi em IPI.
Outro dado, desta vez do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostra que a indústria maringaense tem contribuído mais com a economia daquele município. Do total de empregos criados na Cidade Canção, de janeiro de 2007 a setembro deste ano (47.250), a indústria de transformação respondeu por 13% (6.250). Já, em Londrina, 9% das vagas (4.471) são deste setor.
Para o secretário estadual da Indústria e Comércio e ex-prefeito de Maringá, Ricardo Barros, há vários fatores que explicam o desempenho econômico da cidade. “A construção civil aqui é muito forte. Estamos liberando 1,4 milhão de metros quadrados de novos empreendimentos por ano”, declara. Segundo o Caged, o setor foi responsável por 1.377 vagas em Maringá neste ano, contra 649, em Londrina. A indústria de confecção e os serviços também são citados pelo secretário como pontos fortes da Cidade Canção.
Ele destaca ainda que Maringá é a cidade que mais recebe verbas da União proporcionalmente à população em todo o País. “Temos um grande canteiro de obras federais”, salienta. O Município também teria grande potencial de investimento. “22% do orçamento da prefeitura é livre para investir”, garante.
Ricardo Barros afirma preferir não fazer comparações com Londrina. “Não conheço bem a situação da cidade porque nunca fui chamado para discutir.”
‘Ser maior é mais difícil’
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Flávio Balan, não se pode comparar as duas cidades. “Aqui, os problemas são maiores, o nível de exigência da comunidade é maior, o espírito crítico é mais forte”, afirma.
No entendimento de Balan, o desafio de Londrina não é superar Maringá, “mas a si mesma”. O empresário diz que ser maior é mais difícil. “O líder da corrida sempre é alvo de todas as atenções. O artilheiro sempre responde a mais perguntas na entrevista coletiva. O artista mais talentoso precisa se superar”, declara.
Para o presidente da entidade, Londrina é “melhor e mais estruturada”. “Maringá é bela e promissora, mas não chegou ao nível de Londrina. A Cidade Canção está de parabéns pelos seus índices, pela união de sua comunidade, pela sua eficiente articulação política”, elogia.
Balan acredita que 2014 será um ano de Londrina “colher frutos”. “Após grandes turbulências políticas, estamos passando por um período de reconstrução da cidade. Mesmo assim, estamos conseguindo atrair empresas, fomentar o comércio e crescer em todos os sentidos”, ressalta. Para ele, 2013 foi um ano para o prefeito Alexandre Kireeff “arrumar a casa”. (N.B.)

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