Em Boletim de Ocorrência registrado na manhã desta quarta-feira (22) na 9ª  Subdivisão Policial (SDP) de Maringá, Simoni Aparecida de Lira Ricieri pede  investigações referentes à morte da tia, ocorrida após ela ter iniciado no  sábado (18) um exame de tomografia abdominal total na unidade centro do  Laboratório São Camilo, em Maringá. Segundo o laboratório, a mulher sofreu uma  parada cardíaca no meio do procedimento e foi encaminhada ainda com vida ao  Hospital Santa Rita, onde faleceu.Célia Aparecida Ricieri tinha 66 anos, morava em Marialva (a 20 quilômetros  de Maringá) e era professora aposentada da rede pública de ensino. A família  dela está indignada, pois ela estaria aparentemente bem de saúde e realizaria  apenas exames de rotina no laboratório em Maringá.
 Sérgio Ricardo Ricieri, sobrinho de Célia e marido de Simoni, afirma não  estar culpando ninguém pela morte dela, no entanto exige esclarecimentos.  Segundo ele, faltou respeito por parte dos responsáveis pelo laboratório, que  não procuraram nenhum membro da família para explicar o caso. "Fomos na  segunda-feira (20) até o laboratório pedir informações. Eles alegaram que não  aplicaram nada na minha tia, que, segundo eles, passou mal e morreu. Mas foram  informações desencontradas, o médico responsável falou uma coisa e o técnico  falou outra".
Célia foi sepultada na manhã de domingo (19) no Cemitério Municipal de  Marialva. Ricieri explicou que, por ser feriado prolongado, a maioria da família  estava viajando e por isso só ficou sabendo depois dos possíveis problemas  ocorridos dentro do laboratório. Um dos parentes dela autorizou o sepultamento  sem a realização de autópsia. "Minha tia cuidava da minha avó, que tem 93 anos.  O parente que autorizou o sepultamento ficou apavorado porque disseram que  demorariam três dias para se fazer a autópsia e mais dois dias para liberar o  corpo", contou Ricieri.
A polícia vai investigar o caso e poderá pedir esclarecimentos dos diretores  e funcionários do laboratório, além de familiares e profissionais do Serviço de  Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Hospital Santa Rita.
Foi parada cardíaca, segundo o laboratório
A reportagem  ainda não obteve acesso aos laudos médicos do Samu, que socorreu Célia dentro do  laboratório e a encaminhou ao Hospital Santa Rita. Segundo a assessoria, o  hospital não tem autorização para repassar informações referentes aos laudos  médicos e ao atestado de óbito da paciente para a imprensa.
A respeito do caso, o Laboratório São Camilo se pronunciou através da  advogada da empresa, Ana Cláudia Bandeira. Segundo ela, a cliente Célia  Aparecida Ricieri sofreu uma parada cardíaca no meio da tomografia, ainda antes  de ter sido aplicado o contraste não-iônico, produto ao qual era alérgica,  segundo familiares.
A advogada contou que os procedimentos iniciais do exame foram feitos. Célia  teria tomado um medicamente via oral misturado com água e aguardou por uma hora.  Por volta das 11h, entrou na sala de tomografia e tomou um antialérgico chamado  Fenergan, já que, segundo ela, a equipe que a atendia tinha conhecimento da sua  alergia. Já deitada, o médico João Marcelo Falavigna, especialista em radiologia  e diretor do laboratório, teria iniciado o exame, juntamente com o técnico em  radiologia Rafael (a advogada só citou o primeiro nome dele), sem aplicar o  contraste não-iônico.
"No meio do exame, Célia começou a passar mal, disse que não estava bem e o  dr. interrompeu o procedimento antes de aplicar o contraste não-iônico. Foi  quando ela sofreu uma parada cardíaca. Médicos tentaram reanimá-la e seguiram  todos os procedimentos recomendados em casos de emergência. Quando foi  encaminhado ao Samu, estava inconsciente, mas com saturação e pulso; com sinais  vitais presentes. O que ocorreu com ela depois que saiu do laboratório nós não  podemos mais responder", disse Ana.
Laboratório São Camilo emite nota de  esclarecimento
"Vimos por meio desta esclarecer o atendimento  prestado a paciente C.R., encaminhada pela sua médica assistente para realização  de tomografia computadorizada do abdome, com contraste não iônico, na data de  18/02/2012. A paciente chegou ao setor de imagem, foi recebida pela equipe de  enfermagem, dando início ao preparo pré-exame. Acompanhada pela equipe, ingeriu  o preparo oral, conforme rotina e, após foi encaminhada para a sala de exame.  Antes de dar início ao exame, o médico radiologista assistente se dirigiu até a  paciente para saber o seu grau de alergia. Com a autorização da paciente, foi  prescrito e administrado um medicamento antialérgico intravenoso. A paciente foi  posicionada no aparelho, feito radiografia panorâmica digital para marcação da  tomografia, porém, antes de dar início ao exame propriamente dito, sem que tenha  utilizado o contraste não iônico, a mesma relatou que não estava bem.  Prontamente foi interrompido o exame. Retirada a paciente do aparelho e ao ser  examinada pelo médico radiologista, que estava ao seu lado, também na presença  do técnico de radiologia e da enfermeira, fez uma parada cardiorespiratória.  Iniciada imediatamente as manobras de reanimação e comunicado o serviço de  emergência SAMU. Revertida a parada. Ao chegar a ambulância do SAMU foi  realizado pela médica socorrista um eletrocardiograma ainda no laboratório onde  constatou-se a presença de batimentos cardíacos. A paciente foi encaminhada ao  Hospital. O atendimento médico seguiu o Protocolo de  Emergência".Wilame Prado