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A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu inquérito para 
investigar suposto tráfico de influência internacional do ex-presidente 
Luiz Inácio Lula da Silva para favorecer a construtora Odebrecht, uma 
das empreiteiras investigadas na 
Operação Lava Jato.
 Após uma apuração preliminar, motivada por uma representação 
protocolada no Ministério Público Federal (MPF) que apontava suspostas 
irregularidades cometidas pelo ex-presidente, os procuradores da 
República disseram ter identificado indícios suficientes para 
investigá-lo.
 O alvo das investigações são viagens internacionais feitas por Lula que
 teriam sido bancadas pela Odebrecht. Entre os países visitados pelo 
ex-presidente com patrocínio da maior construtora brasileira estão Cuba,
 República Dominicana, Gana e Angola.
 Por meio de nota (
veja íntegra abaixo), a Odebrecht informou 
que mantém relação institucional com Lula e que ele foi convidado 
exclusivamente para dar palestras, a exemplo de ex-presidentes de outros
 países. O Instituto Lula informou que a abertura de inquérito é 
"procedimento absolutamente irregular, intempestivo e injustificado".
 Em maio, 
a revista "Época" revelou
 que o Ministério Público Federal no DF estava investigando o 
ex-presidente da República em razão de suposto tráfico de influência 
internacional.
 Na ocasião, a reportagem reproduziu o pedido de apuração preliminar que
 citou "supostas vantagens econômicas" obtidas, direta ou indiretamente,
 por parte de Lula da Odebrecht entre 2011 a 2014.
 Além de abrir o inquérito, o MPF do Distrito Federal solicitou o 
compartilhamento de provas da Operação Lava Jato para incluir na 
investigação criminal envolvendo Lula. A apuração está sob a 
responsabilidade do Núcleo de Combate à Corrupção.
 A procuradora responsável pelo caso na Procuradoria da República do 
Distrito Federal é Mirella de Carvalho Aguiar. Porém, o procurador que 
assina a decisão de abrir o inquérito oara investigar o ex-presidente 
Lula é Valtan Timbó Martins Mendes Furtado.
 Procurada pelo 
G1, a assessoria da procuradoria 
informou que a abertura do inquérito foi decidida pelo procurador que 
atua em substituição a Mirella, que está de férias.
 
'Surpresa'
 Ao 
G1, a assessoria do Instituto Lula informou, 
inicialmente, que não iria se manifestar sobre o assunto. Depois, por 
meio de nota, afirmou que recebeu com "surpresa" a notícia da abertura 
de inquérito para investigar o ex-presidente, na medida em que, segundo a
 entidade, ele "já entregou todas as informações solicitadas pela 
procuradora Mirella de Carvalho Aguiar".
 "O Instituto Lula recebeu a notícia da abertura do inquérito com 
surpresa porque já entregou todas as informações solicitadas pela 
procuradora Mirella de Carvalho Aguiar. Tudo o que a procuradora 
solicitou foi entregue pelo instituto, que chegou a apresentar além do 
que foi exigido inicialmente. O Instituto Lula avalia que houve pouco 
tempo para a procuradora analisar o material, mas, logo, entende que faz
 parte das atribuições do Ministério Público investigar denúncias e terá
 oportunidade de comprovar a legalidade e a lisura de todas as 
atividades do Instituto Lula", diz o texto da nota.
 O instituto divulgou uma segunda nota à noite informando que serão 
tomadas "providências juridicamente cabíveis". "Trata-se de um 
procedimento [a abertura de inquérito] absolutamente irregular, 
intempestivo e injustificado, razão pela qual serão tomadas as medidas 
cabíveis para corrigir essa arbitrariedade no âmbito do próprio 
Ministério Público, sem prejuízo de outras providências juridicamente 
cabíveis", diz a nota.
Na reportagem publicada em maio, "Época" revelou documentos que mostram
 que o BNDES fechou o financiamento de, ao menos, US$ 1,6 bilhão com 
destino final à Odebrecht após Lula, já como ex-presidente, se encontrar
 com os presidentes de Gana e da República Dominicana – sempre bancado 
pela empreiteira.
 De acordo com a revista, entre os empreendimentos intermediados pelo 
ex-presidente, estão obras de modernização de aeroportos e portos, 
rodovias e aquedutos, todas tocadas com os empréstimos de baixo custo do
 BNDES em países alinhados com Lula e o PT.
 A Odebrecht informou que todos os contratos com o BNDES sao regulares. 
"Quanto aos financiamentos à exportação do BNDES, a definição da empresa
 exportadora de bens e serviços - que devem ser exclusivamente 
brasileiras - não é do BNDES. Ela ocorre de acordo com a legislação do 
país que toma o empréstimo. A Odebrecht tem seus contratos celebrados de
 forma regular e em conformidade com as leis aplicáveis no Brasil e no 
exterior, sem qualquer tipo de interferência de terceiros", diz a nota.
 
Nota da Odebrecht
 Veja íntegra da nota da construtora Odebrecht:
A Odebrecht 
Infraestrutura tomou conhecimento da abertura do procedimento 
investigatório sobre as viagens internacionais do ex-presidente Lula 
relacionadas a obras financiadas pelo BNDES.
 A Odebrecht mantém uma relação institucional com o ex-presidente de
 forma transparente e condizente com a posição e importância de seu 
papel como ex-governante do Brasil. O ex-presidente Lula foi convidado 
pela empresa, exclusivamente, para fazer palestras para empresários, 
investidores, líderes políticos e formadores de opinião em eventos 
voltados a defender as potencialidades do Brasil e de suas empresas, bem
 como estimular o exercício pleno da democracia e a inclusão social 
aliada ao desenvolvimento econômico . O ex-presidente fez exatamente o 
que tem feito presidentes e ex-presidentes estrangeiros quando promovem 
negócios de seus respectivos países na busca de uma maior participação 
no comércio global.
 Quanto aos financiamentos à exportação do BNDES, a definição da 
empresa exportadora de bens e serviços - que devem ser exclusivamente 
brasileiras - não é do BNDES. Ela ocorre de acordo com a legislação do 
país que toma o empréstimo. A Odebrecht tem seus contratos celebrados de
 forma regular e em conformidade com as leis aplicáveis no Brasil e no 
exterior, sem qualquer tipo de interferência de terceiros. G1