Secretários são ‘ameaça’ à reeleição de vereadores

Dos 27 integrantes do primeiro escalão da Prefeitura de Maringá, pelo menos seis pensam em se candidatar a uma vaga no legislativo municipal – conforme reportagem publicada no domingo por O Diário. A situação deve aumentar a disputa pelas 15 cadeiras da Câmara, já que, na hipótese desses secretários serem eleitos, restariam apenas 9 vagas para os 12 vereadores que pretendem permanecer na função.

No embate entre os vereadores que disputarão a reeleição e secretários que querem um cargo na Casa, o segundo time pode levar vantagem, que estaria no fato de a imagem dos chefes de pastas ter sofrido desgaste menor do que a dos vereadores, envolvidos em polêmicas como a aprovação de reajuste de salários, restrição à construção das casas geminadas e a autorização para a incineração do lixo do município.

O vereador Humberto Henrique (PT) é um dos que acreditam que os secretários levarão vantagem. "O secretário praticamente não tem desgaste, a não ser que tenha feito um trabalho ruim", comenta o petista. "Já o vereador normalmente fica muito exposto", acrescenta.

Carlos Saboia (PMN) concorda com o argumento de Humberto. "Tivemos a notícia de que Maringá foi avaliada como a melhor cidade do Estado e a oitava no País na gestão dos recursos públicos", recorda. "Vereadores e secretários tiveram papel importante nessa conquista, mas acho que essa notícia trará mais vantagens para eles do que para nós, que normalmente lidamos com questões polêmicas", avalia.

Ainda segundo Saboia, secretários costumam ser candidatos fortes, preocupando especialmente vereadores que terão de enfrentá-los dentro das próprias legendas. "Para o legislativo, a disputa acontece primeiramente dentro de cada legenda, mas não estou tão preocupado com isso porque no meu partido não tem nenhum secretário."

Do primeiro escalão da prefeitura, já admitiram que vão postular cadeira na Câmara Ulisses Maia (Assistência Social), Valter Viana (Desenvolvimento Econômico), Terezinha Pereira (Mulher) e Vagner Mussio (Serviços Públicos). A secretária de Educação, Edith Dias, e o chefe do Procon, Dorival Dias, também anseiam retornar ao legislativo, mas podem ser barrados pela Lei da Ficha Limpa – ambos têm condenação em segunda instância por nepotismo.

AVALIAÇÃO

"O secretário praticamente
não tem desgaste, a não ser
que tenha feito um trabalho
ruim"

Humberto Henrique (PT)
vereador

Um sétimo nome do primeiro escalão que poderia concorrer a vereador é o secretário de Esportes e Lazer, Walter Guerlles, que deseja ser vice na chapa encabeçada pelo atual vice-prefeito, Carlos Roberto Pupin (PP). Guerlles é cotado para o legislativo caso não consiga indicação do grupo para sair como vice-prefeito na sucessão de Silvio Barros (PP).

Os vereadores Marly Silva (PPL), Belino Bravin e Zebrão (ambos do PP) vão tentar até o último momento o direito de disputar a reeleição. Os três vereadores foram condenados pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TRE-PR) por nepotismo no mesmo processo que pode barrar Edith Dias e Dorival Dias. Resta a eles a esperança de serem inocentados por Supremo Tribunal Federal (STF) antes do início do pleito. O Diario