sexta-feira, 8 de abril de 2011

Multado por parar no portão, homem invade casa e bate em casal

José Carlos Rosolem, 54 anos, e a esposa de 47, que pediu para não ser identificada, foram agredidos dentro de casa, na Avenida Humaitá, Zona 4, por volta das 22h de quarta-feira, por um homem que foi multado após estacionar o carro no portão da garagem da residência.
Depois de sair de um bar nas proximidades, ele retornou à residência do casal, pulou o portão e partiu para cima da mulher, que foi defendida pelo marido.
Rosolem, que havia passado por uma sessão de quimioterapia horas antes da agressão, conta que não sabe de onde tirou forças para brigar com o homem, que aparenta ter 30 anos e tem grande porte físico. "Ele veio para pegar minha mulher. Quando saí para ver quem era, ele começou a xingar e disse que queria acertar as contas com ela", afirma.
A confusão começou cerca de duas horas antes da agressão. Sozinha em casa, a mulher de Rosolem pediu ao homem que não parasse na entrada da garagem, pois o marido estaria para chegar. Segundo ela, as únicas respostas recebidas foram xingamentos. O homem virou as costas e caminhou até o bar.
A mulher decidiu chamar a Polícia Militar, que encaminhou o caso para a Secretaria dos Transportes (Setran). Dois agentes de trânsito foram até o local e deram um sinal de alerta ao lado do veículo, uma Saveiro prata, para que o dono a retirasse da frente do portão e evitasse uma autuação. Mediante à resistência, lavraram a multa pelo estacionamento irregular e foram desacatados.
"O cara disse que os agentes não sabiam com quem estavam falando, que ele era financiador da campanha do prefeito e que é ele quem manda em Maringá", conta Rosolem. Em meio à confusão com os agentes, um amigo do agressor pegou o carro e o estacionou do outro lado da rua.
Os amigos voltaram para o bar. A mulher entrou em casa e os agentes de trânsito foram embora. Ninguém imaginava que, horas depois, o homem voltaria até a casa para tirar satisfação sobre a multa que havia levado por estacionar em local proibido. "Quando cheguei, minha esposa estava muito nervosa. Disse a ela para se acalmar porque pensei que não ia acontecer nada".
Foi quando a dupla bateu palmas na frente da casa. Para a mulher, o que pode ter deixado o agressor revoltado é o fato que, após o marido dela chegar, uma pessoa pediu para estacionar na frente do portão por alguns minutos e o casal disse que não haveria problemas.

Ricardo Lopes
José Carlos Rosolem foi agredido logo após passar por uma sessão de quimioterapia; polícia vai investigar

Chutes
Para a surpresa deles, logo após bater palmas e agredir verbalmente Rosolem e a mulher, o homem, que havia acabado de sair do bar, decidiu invadir a residência e partir para a agressão. "Num primeiro momento, não sei como consegui, mas caí com ele no chão. Minha mulher caiu também e ele se levantou. Nesta hora, ele nos chutou várias vezes."
 Rosolem ficou com várias escoriações nos braços, pernas e cabeça. Depois da agressão, devido ao sangue que escorria pelo corpo, foi socorrido pelo Samu e levado para o Hospital Santa Rita.

Na opinião dele, as agressões só pararam porque a esposa gritou muito por socorro e os moradores dos prédios vizinhos saíram nas janelas e começaram a gritar. Alguns desceram dos apartamentos e só então o agressor parou. "Depois ele entrou no carro e passou devagar, dirigindo, xingando e ameaçando a gente", relata.
A Polícia Militar que lavrou um boletim de ocorrência por lesão corporal chegou bem depois da confusão, quando as vítimas já estavam no hospital.
O caso vai ser encaminhado para a Polícia Civil, onde além do casal, que vai registrar queixa por invasão de domicílio, lesão corporal e ameaças, os agentes de trânsito devem registrar queixa por desacato.
Quando foi multado, o motorista agressor se negou a apresentar o documento do veículo e a documentação pessoal aos agentes. O carro autuado está em nome de uma empresa de Maringá, que deve ser procurada ainda hoje pelos policiais para apresentar o condutor e responsável por todos os crimes praticados.
Segundo Rosolem, enquanto o agressor invadia a residência e os agredia, o amigo que o acompanhava ficou parado, olhando tudo do lado de fora do portão. Um casal de vizinhos, que presenciou a invasão de domicílio e as agressões, confirmou a história, com o mesmo sentimento de indignação frente ao ato de insensatez provocado por uma multa.

Setran
O diretor de Fiscalização de Trânsito da Setran, Edson Luiz, confirmou que o motorista discutiu com os agentes de trânsito que aplicaram a multa. Ele explicou que uma equipe da Setran faz plantão diariamente até à 1h justamente para resolver problemas como este.
"A equipe vai, faz um primeiro alerta, liga a sirene e aguarda um minuto. Se não resolve, a notificação é lavrada. Infelizmente, ainda não temos condições de fazer a remoção do veículo, o que seria o mais correto", diz.
Murilo Gatti /O Diario

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