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REUTERS/Arnd Wiegmann
Ronald Noble, secretário geral da Interpol, conversa com Joseph Blatter em maio de 2011
O secretário geral da Interpol (organização internacional que coopera
com policias de diversos países), Ronald Noble, revelou à rede americana
CNN que a instituição enviou uma equipe para o Brasil para investigar
uma possível manipulação de partidas na Copa do Mundo.
"Posso
garantir que, agora, enquanto a Copa acontece, existem grupos de crime
organizado trabalhando com apostas ilegais. Isso pode influenciar no
resultado de um jogo ou no que acontece em campo, com suborno ou
corrupção", disse Noble em entrevista ao apresentador Richard Quest no
programa
Quest Mean Business, na tarde desta sexta-feira (13).
"E quando você pensa 'é um evento grande, é muito importante, esse tipo
de coisa não pode acontecer', é que aí você tem um problema. Por isso,
enviamos uma equipe da Interpol ao Brasil, para ajudar os brasileiros, e
outras equipes pelo mundo para investigar esses grupos de crime
organizado que trabalham com manipulação de resultados. Isso tem que ser
vigiado."
Na noite desta sexta, Luiz Eduardo Navajas, delegado da Polícia Federal e coordenador da Interpol no Brasil,
negou a
existência de uma operação da instituição no país investigando
manipulações de resultado na Copa. De acordo com Navajas, houve um mal
entendido com relação à entrevista de Noble.
Segundo Ronald
Noble, as apostas não seriam apenas sobre os resultados dos jogos, mas
também sobre outros lances que acontecem em campo. "Um pênalti, qual
equipe dá a saída de bola, para quem é o primeiro escanteio... as
pessoas apostam milhões de dólares nessas coisas. É assim que definimos o
termo 'manipulação' num jogo."
Questionado sobre uma eventual
participação de árbitros, jogadores e outros envolvidos na organização
da Copa do Mundo, ele disse que a possibilidade existe, mas não deu mais
detalhes. "Há possibilidade, mas não sei se é provável. Não prevejo o
futuro, falo apenas sobre o que está acontecendo."
Noble também
falou sobre a investigação aberta pela Fifa para apurar os supostos
casos de suborno nas eleições para as sedes das Copas de 2018, na
Rússia, e 2022, no Qatar. "São promotores muito respeitados pelo mundo.
Leio muito no jornal sobre as suspeitas com a Fifa, mas vou esperar a
investigação e as evidências para saber o que aconteceu", analisou.
"Espero que a Fifa apoie as investigações, que são independentes, e dê
todos os recursos possíveis. Mas talvez isso não aconteça, porque é uma
investigação independente, que chegará a algumas conclusões. Mas confio
na integridade e na credibilidade de quem está investigando, e o
relatório final deverá ser respeitado", afirmou.
Fifa e Interpol
já colaboraram para investigar manipulação de resultados no futebol. Em
janeiro de 2012, a entidade que organiza o futebol mundial anunciou que
contaria com agentes internacionais para apurar as denúncias, além de
elaborar um programa de proteção para quem denunciasse esquemas de
manipulação de jogos.UOL