O projeto tem sido debatido e construído há mais de três anos por um grupo de delegados e funcionários das secretarias da Administração, Planejamento e Paraná Previdência. O objetivo é incluir a proposta no plano plurianual no ano que vem e começar as mudanças gradativas em 2012. O aumento de efetivo ocorreria em etapas durante os próximos anos por meio de concurso público. “A Polícia Civil não pode mais ficar pequena como está”, afirma Sebastião Ramos dos Santos Neto, um dos delegados que ajudaram a elaborar o projeto.
Com as delegacias funcionando sem parar, os Centros Integrados de Atendimento ao Cidadão (Ciacs) acabarão. Hoje, esses centros atendem a comunidade em regime de plantão após às 18 horas e nos fins de semana, quando os distritos fecham. Na capital, os Ciacs funcionam no 1.º, 3.º, 8.º distritos. Hoje, as escalas do dia sobrecarregam os policiais.
A principal vantagem, de acordo com os policiais, é que a população não precisará se deslocar para uma delegacia especializada. O atendimento será feito no distrito mais perto, que terá uma área específica, com setores especializados em roubos, furtos e homicídios. As especializadas ficarão responsáveis por investigar casos mais difíceis e rumorosos.
Representantes da Polícia Civil consideram a falta de efetivo um dos problemas mais graves da segurança pública no estado. O número total de 6 mil policiais civis, previsto pela Lei Complementar 96/2002, nunca foi atingido. De acordo com o delegado-geral adjunto Alcimar de Almeira Garret, o aumento de pessoal é fundamental para que as delegacias possam voltar a prestar um atendimento ininterrupto à população e com qualidade.
Para o sociólogo da Universidade Federal do Paraná, Pedro Bodê, as delegacias já deveriam estar funcionando 24 horas. “É um ajuste que já deveria estar ocorrendo.”
Agente de segurança
Na proposta de modernização consta ainda um artigo polêmico que visa melhorar o atendimento nas delegacias: a criação de uma carreira de ensino médio. A nomenclatura dada foi a de agente de Segurança Pública.
Garret explica que esse profissional seria o responsável por receber a população e registrar boletins de ocorrência, liberando os investigadores desta função para que atuem exclusivamente na apuração dos crimes. Hoje em dia é preciso ter ensino superior para ingressar na Polícia Civil. “A polícia tem que trabalhar com o efetivo adequado. Hoje, com policiais fazendo seis, sete atividades, acaba com o trabalho de investigação”, ressalta Garret.
A nova carreira de ensino médio desagrada ao Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol). “É um retrocesso”, explica o presidente da entidade, André Gutierrez. Na opinião dele, a qualidade na formação é que vai determinar a excelência do serviço. Contra o argumento, Garret afirma que o agente de Segurança Pública vai passar pelo treinamento na Escola Superior de Polícia Civil. Gazeta do Povo
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