terça-feira, 12 de julho de 2011

Pediatras deixam de atender por planos de saúde

Metade dos cerca de 120 pediatras de Maringá se desligaram nos últimos meses dos planos de saúde. A outra metade pretende abandonar as operadoras já no mês que vem. A debandada é um protesto contra os pagamentos recebidos por consulta, hoje no valor máximo de R$ 42. A categoria exige R$ 80.
Uma reunião entre Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP) e convênios, marcada para agosto, vai definir os rumos do movimento. "A partir do mês que vem, será raro o pediatra que atender por planos de saúde na cidade", afirma José Carlos Amador, vice-presidente da SPP, que já se desligou de quatro convênios e hoje é credenciado a apenas um.
Os planos de saúde pagam entre R$ 25 e R$ 42 por consulta aos médicos. O valor, segundo o médico Gilberto Pascolat, tesoureiro da SPP, está congelado há oito anos.
"Descontando as despesas que o pediatra tem no consultório, sobram R$ 5 por consulta", afirma. A SPP negocia há um ano com os planos o reajuste do valor. Os médicos querem R$ 80 a cada paciente atendido.
Em alguns municípios paranaenses, a evasão dos pediatras está mais avançada. Em Londrina,  85% deles já deixaram a maioria dos convênios. Os médicos passaram a cobrar R$ 80 do paciente por atendimento.
Em Ivaiporã, a situação é ainda mais grave. Todos os médicos só aceitam um plano de saúde. Os pacientes pagam pelas consultas e conseguem reembolso – nem sempre integral – dos convênios.
"O descredenciamento é uma decisão individual, mas praticamente todos os pediatras no País estão deixando os planos", comenta o médico Milton Macedo de Jesus, diretor de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O valor de R$ 80 cobrado por consulta sofrerá reajuste a partir de 1º de agosto. Será aplicado o mesmo índice de 7,69%, concedido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) às operadoras. Para Macedo, a alternativa para os pacientes é migrar para outros planos de saúde.
Segundo Pascolat, os atendimentos por planos estão sendo feitos só em ambulatórios de hospitais. "Não é um local ideal porque o médico não cria vínculo com a criança e pede exames desnecessários porque não conhece o histórico do paciente".

Contingente
160.194 têm plano de saúde em Maringá, segundo dados mais recentes da ANS (março/2011)


Entenda o caso
A queda de braço entre médicos e planos de saúde teve início no começo deste ano. Em março, os profissionais anunciaram uma paralisação de um dia, em todo o País, contra os baixos preços pagos pelas consultas. O protesto, bem-sucedido, ocorreu em 7 de abril.
No Paraná, no mês passado, os médicos decidiram parar de atender, em reação aos baixos preços pagos pelas operadoras.
Outros Estados também enfrentam problemas com os planos de saúde. Em São Paulo, os médicos decidiram paralisar, em sistema de rodízio, o atendimento de dez planos.Carla Guedes


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