Ana e Rodrigo na Pink Sand Beach, Bahamas
(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
O dia nem tinha amanhecido na última quarta-feira (13) e o casal formado por Ana Biselli e Rodrigo Junqueira já estava na estrada, deixando Curitiba. Faz mais de um ano que os dois deixaram de lado seus trabalhos na capital paranaense e se converteram em “turistas profissionais”, viajantes que vão bem além do passeio de férias e decidiram viver o clima de turismo sem parar por quase três anos, um total de mil dias.(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
A partida dessa semana rumo a Foz do Iguaçu deu início à segunda parte de uma longa viagem em que a publicitária de 29 anos e o economista de 41 buscam conhecer todo o continente americano e os estados brasileiros. A empreitada começou no início do ano passado, quando saíram para conhecer todo o Brasil, além de Guianas, Suriname e o Caribe.
“Até agora a prioridade foi conhecer bem o Brasil. Agora partimos para a América Espanhola e do Norte”, contou Ana ao G1, por telefone, na segunda-feira (11). O casal havia voltado à cidade de origem para uma “parada técnica para buscar documentos, atualizar vistos”, disse Ana, e interrompeu a contagem para que todos os mil dias sejam em viagem.
Escalada da Pedra da Mina, com vista para o Pico Agulhas Negras, SP/MG (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
42 mil quilômetrosAté agora, os dois já passaram 427 dias viajando, já conheceram 23 estados do Brasil, 17 países, 267 cidades e mais de 42 mil quilômetros rodados.
Ana diz que todos os lugares conhecidos foram ótimos, mas que o grande destaque, pela surpresa, foram as Guianas. “É uma cultura tão diferente da nossa, tão distante do que conhecemos, que foi uma surpresa maravilhosa da viagem.”
O destino dessa segunda parte da viagem, que começou em Prudentópolis, a caminho de Foz do Iguaçu e do Paraguai, é conhecer o resto do continente. “Vamos desde a Patagônia até a Groenlândia”, contou Ana.
Longas férias
Segundo Ana, a ideia de tirar um mês de férias e viajar de carro do Sul até o nordeste do Brasil parecia muito limitada para o casal que está junto há cinco anos. “A ideia da viagem começou com a ideia de tirar férias. Pensávamos em pegar o carro e ir ate o Nordeste, mas achamos que era pouco e decidimos ousar, parar de trabalhar e sair viajando”, contou Ana.
Este plano inicial era parar tudo para ficar três meses viajando. “Eu nem pensava que era possível essa ideia. Era meu sonho, mas eu não achava que faria nunca”, contou. Foi quando começaram a planejar tudo que decidiram fazer um projeto mais radical, de um total de mil dias na estrada, por terra, e por todo o continente.
“Nosso foco é o ecoturismo e esportes de aventura”, contou Ana. Ela explicou que antes da viagem eles fecharam um roteito “macro”, com o número de dias por por estado ou país, e um roteiro “micro”, com mais flexibilidade. “Fazemos ajustes de roteiro com frequência com base em previsão de tempo, por exemplo.”
Além de planejar bem o roteiro, Ana e Rodrigo fizeram uma preparação especial para a viagem, incluindo cursos de primeiros socorros, de mergulho, treinamento de resistência, e planos para que a viagem seja feita toda com segurança. “Não tivemos nenhum problema na viagem até agora, e tomamos cuidados para não pegar estrada à noite, então achamos que vai dar tudo certo”, contou.
Dinheiro
Ana e Rodrigo fizeram o projeto todo de forma independente, acertando duas parcerias com empresas privadas, mas sem contar com um patrocínio para largar o trabalho e viajar por tanto tempo.
Caminho do Céu, Serra da Canastra, MG
(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
“Não somos ricos”, respondeu Ana, quando perguntada sobre o financiamento dessa longa viagem de mil dias. “O dinheiro é nosso, foi juntado ao longo do tempo. Em vez de comprar uma casa, como fazem as pessoas da nossa faixa de idade, preferimos investir tudo na realização deste sonho”, contou.(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
Segundo ela, o planejamento permitiu que o casal tivesse um orçamento de R$ 6 mil por mês ao longo dos mil dias, 33 meses. No total, a viagem vai custar cerca de R$ 200 mil, um valor equivalente ao preço de imóveis de dois quartos em Curitiba.
Ana diz que ao longo dos primeiros 14 meses da viagem já percorridos até agora, foi possível, sim, manter-se dentro da meta de gastos. “Alguns lugares são mais caros, mas no geral é possível ficar nesta cota, sim”, disse.
Volta
Ana e Rodrigo voltam para Curitiba somente daqui a cerca de 570 dias, após o fim da viagem. Eles disseram que o planejamento da realização do sonho não incluiu um projeto do que fazer quando tudo acabar. “Provavelmente vamos voltar e procurar trabalho”, disse Ana.
O certo é que o registro da longa viagem, narrada dia a dia no blog 1000dias.com, com milhares de fotos e vídeos, deve ser transformado em livro.
“Claro que pensamos nisso, mas não decidimos ainda. Um pouco do sonho de uma viagem como esta é se libertar desse tipo de preocupação. Vamos viver a vida intensamente, buscar novas coisas, e depois veremos o que vamos fazer.”G1
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