quinta-feira, 14 de julho de 2011

Menina estuprada se forma em Direito e consegue prender o padrasto 20 anos depois

“Ele roubou minha infância”, disse Tina Renton, 36 anos. “Não falei nada antes porque eu era uma jovem mãe e achei que seria muito difícil me submeter a todas as etapas do processo no tribunal”.
Não sei onde algumas moças encontram tanta força e determinação para se expor e superar traumas fortes de infância como esse. Mas a inglesa Tina parece ter encontrado no estudo do Direito a base para sustentar a denúncia contra o padrasto. Passaram-se mais de duas décadas, mas enfim Tina viu esse homem, David Moore, condenado a 14 anos de prisão por tê-la estuprado durante nove anos – de 1981 a 1990, dos seis anos aos 15 anos de idade. Convencida do poder da Justiça, Tina abriu mão do direito ao anonimato de vítimas de abusos sexuais. E hoje encoraja outras mulheres a denunciar crimes desse tipo, mesmo que tenham acontecido no passado remoto.
Tina poderia ter-se tornado uma mulher autodestrutiva, amarga, deprimida. Mas, aos poucos, conseguiu curar sua profunda desconfiança em relação aos homens, casou, teve dois filhos. E se matriculou num curso de Direito na Universidade de Essex. E foi então que descobriu que o padrasto ainda poderia ser processado. Durante o curso, procurou aprofundar-se na Lei de Crimes Sexuais.
Semanas depois de receber o diploma, ela decidiu ir à polícia e contar tudo. Após a prisão do padrasto, ela revelou sua história ao mailonline e se deixou fotografar por Peter Lawson, da Eastnews Press Agency. Tina ainda precisa estudar mais para trabalhar como advogada. Por enquanto, ela trabalha como assistente social.
“Estou feliz não exatamente porque ele pegou 14 anos de prisão. Mesmo que fossem seis meses, o que importa é que o crime foi reconhecido e a verdade veio à tona. Isso estimula outras crianças que sofrem abusos a se defender e denunciar. Mesmo que não seja no momento em que o crime acontece. Mesmo que seja 20 anos depois. Nunca é tarde demais”.
Os detetives que chefiaram a investigação concordam que a lição mais importante a se tirar deste caso é que, mesmo anos depois de uma criança ser submetida a abusos desse gênero, o culpado ainda pode ser condenado e preso. Mas é preciso ter a coragem e a confiança de Tina.
Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância, cerca de um milhão de crianças são vítimas de violência sexual no mundo a cada ano. E todos os estudos apontam para um fato muito triste: a grande maioria sofre abusos de um parente, ou alguém que more em sua própria casa. No Brasil, um  levantamento de 2008 do Ministério da Saúde com base em atendimentos em hospitais públicos de 27 municípios indicou que 800 crianças foram vítimas de estupro naquele ano. Estima-se que o número real seja bem mais elevado porque muitos abusos não são registrados.
Mesmo assim, há quem seja condescendente com criminosos sexuais.
No site do Daily Mail, uma leitora, Carole Pane, de Londres, disse o seguinte: “Não consigo entender o sentido de denunciar algo ocorrido há tanto tempo. Quem cometeu o crime provavelmente já está totalmente mudado hoje e se arrepende de seus atos”.
Outra leitora, Karen, de Suffolk, Inglaterra, reagiu imediatamente: “Você está falando sério? Você diria o mesmo em relação a homicídios, isto é, por que a polícia iria se incomodar tentando esclarecer assassinatos cometidos há 20 anos? Afinal, esses assassinos já mudaram hoje e devem estar arrependidos, não? Mas as vítimas estão mortas. Essa moça corajosa (Tina) sempre carregará consigo a criança que foi abusada um dia. Violência sexual contra crianças não se torna automaticamente aceitável uma vez que essa criança se torne adulta”.Mulher 7X7

Um comentário:

Anônimo disse...

cara amiga tina; que coragem pois nao conseguir ser como voçe,mais fiquei muito feliz por sua atitude.