Abatido, rival de pugilista que está em coma lamenta: 'Já chorei, orei...'

Ismael Bueno esperava uma luta dura contra o experiente Jefferson Gonçalo, de 39 anos, no último sábado, na cidade de Salto, no interior paulista. Já havia visto o rival no ringue algumas vezes: “O bicho é duro na queda”, afirma. No entanto, começou a achar estranho no quarto round, quando o adversário passou a abaixar demais a guarda. Acabou vencendo a briga na sequência, após Jefferson desmaiar e abandonar a disputa.
- Ontem estava com a minha namorada, já chorei, orei com ela por ele. Minha mãe até me deu remédio homeopático porque estava me cobrando demais. Os lutadores estão cientes de que podem passar por isso. Sei que não tive culpa nenhuma, mas você leva um baque - disse, em entrevista por telefone ao GLOBOESPORTE.COM.

Jefferson passou por uma cirurgia de cinco horas, na qual precisou retirar uma parte do cérebro, e perderá todos os movimentos do lado esquerdo do corpo. A expectativa é de que o pugilista saia do coma induzido daqui a dois dias, mas o risco de morte ainda existe. Para Ismael, faltou um pouco de cuidado por parte do pugilista.
- Ele já foi pra o quarto round ruim. Ele abaixava a guarda e eu via que ele não estava fazendo isso por querer. Mas acho que ninguém percebeu. Acho também que faltou um cuidado maior. Pelo que me disseram, ele subia com os atletas dele para o ringue, ele próprio se treinava. Faltou um pouco de cuidado.
Os médicos suspeitam que a lesão no cérebro tenha sido por conta de um “acúmulo de golpes” sofridos pelo pugilista nas últimas lutas. No sábado, ainda no ringue, Jefferson teria reclamado que o seu “cérebro parecia querer inchar”. Mesmo abatido, Ismael pretende visitar o companheiro.
- É o mínimo que eu tenho que fazer. Falei com meu técnico que queria visitá-lo e ele ficou de ver quando eu vou poder ir ao hospital. É mais que obrigação. É um companheiro de trabalho, é o mínimo que eu posso fazer.
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