terça-feira, 12 de outubro de 2010

Marina Silva ataca e dá sinais de que manterá neutralidade

“É melhor descer do ringue e subir no palanque. Ainda espero que Serra e Dilma aproveitem a chance generosa que os brasileiros lhes deram.”
 Marina Silva, candidata derrotada à Presidência

A ex-presidenciável Marina Silva (PV), que recebeu 19,6 milhões de votos no primeiro turno, continua dando sinais de que poderá ficar neutra na disputa à Presidência entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Durante o debate promovido no domingo pela TV Bandeirantes, Marina voltou a criticar os dois presidenciáveis, dessa vez por meio da rede de micro­blogs Twitter. Ela disse que “falta a ambos serenidade para tratar dos erros e dos novos desafios para o Brasil” e que os dois candidatos “continuam a apostar no vale-tudo eleitoral”. “Lamento que os candidatos não tenham percebido o que quase 20 milhões de brasileiros sinalizaram sobre como se deve decidir o futuro do país”, disse, em referência à própria candidatura.
Durante a campanha, Marina criticou os adversários e disse que a candidatura dela não tinha apoio de representantes da “velha política brasileira”. Nos debates, partiu para o ataque contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do qual foi ministra do Meio Ambiente, e contra as gestões de Serra na prefeitura de São Paulo e no governo paulista.Passada a disputa, a votação da candidata atraiu os adversários. Marina obteve 19,33% dos votos válidos e ainda não definiu sua posição no segundo turno. A decisão será na convenção nacional do PV, no próximo domingo, quando cerca de 100 correligionários terão direito a voto. Amanhã, a executiva nacional do partido se reúne para definir como será a convenção.
Ruptura?
Apesar de não haver uma decisão, membros do PV começam a declarar apoios nos estados. Fernando Gabeira (PV), candidato derrotado ao governo do Rio de Janeiro, disse que irá apoiar Serra no segundo turno. Em Santa Catarina, o presidente do PV de Chapecó, Evaldo Cassol, também declarou apoio ao tucano. Já em Brasília, o PV optou por aliar-se ao PT no plano estadual.
Com relação à posição de Gabeira, o presidente do PV do Rio, deputado federal eleito Alfredo Sirkis, disse que há diferença entre uma manifestação pessoal e uma decisão do partido. Sirkis disse ainda que o apoio selado em Brasília é para uma disputa ao governo e não para eleição presidencial. Já a atitude do PV em Chapecó “deve resultar em punição”, afirma o deputado.
Sirkis garante que a posição final do PV só sairá após a convenção. Segundo ele, há três possibilidades: o partido não ter posição oficial e permitir que seus membros individualmente declarem votos; apoiar Dilma Rousseff; ou apoiar Serra. O dirigente diz que a legenda e Marina devem ir na mesma direção.
No Paraná, o PV irá aguardar o posicionamento nacional antes de declarar qualquer apoio, afirma Paulo Salamuni, candidato derrotado ao governo.
Análise
Segundo o consultor legislativo Antônio Octávio Cintra, professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade de Brasília, o PV nacional provavelmente irá indicar apoio a Serra, pois o partido tem “histórico de bom relacionamento” com o PSDB.
Já Marina ficará neutra, na opinião de Cintra: “Acho que ela não vai dar apoio oficial a ninguém. Possivelmente o partido vai para o Serra e ela fica neutra”. Para o consultor, Serra deverá conquistar boa parte dos votos de Marina. “Acho que o voto do lado verde é difícil ir para a Dilma. A razão de a Marina ter saído do governo foi em grande parte o embate com a Dilma”, diz.
Pesquisa feita pelo instituto Datafolha mostra que Serra herda 51% dos quase 20 milhões de votos de Marina. De acordo com o levantamento, Dilma tem 22% dos votos da candidata do PV. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Foram entrevistados 3.265 eleitores no dia 8 de outubro e o levantamento está registrado no TSE sob o número 35114/ 2010.
Gazeta do Povo

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