quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Observatório detecta falha em 44% das licitações da Prefeitura

OSM acompanhou presencialmente 111 processos, dos quais 42 tiveram requerimento de providências e sete foram encaminhados ao Ministério Público por supostas irregularidades

O Observatório Social de Maringá (OSM) denunciou ao Ministério Público várias falhas cometidas pela prefeitura em processos de compra ao longo do primeiro semestre deste ano. De acordo com o relatório de prestação de contas apresentado na tarde de quarta-feira (3), 111 processos foram acompanhados (das 385 licitações), dos quais 42 tiveram requerimento de providências e sete foram encaminhados ao Ministério Público.
Entre as falhas identificadas estão processos envolvendo a realização de duas competições esportivas: a Prova Rústica Tiradentes e o GP Maringá de Atletismo. No caso da Prova Rústica, o pregão vencido por uma empresa de Nova Santa Bárbara apresentou problemas como a falta da descrição dos preços no edital de concorrência.De acordo com Fábia dos Santos Sacco, uma das coordenadoras do acompanhamento, a falta de um valor global permite um jogo de planilha entre empresas concorrentes. "Não houve o preenchimento do valor por item, o que é obrigatório. Da forma como estava, não é possível aferir o quanto está sendo cobrado por item", explicou a advogada especialista em contratos.
A prefeitura também desembolsou R$ 15 mil para oficializar a prova junto a Confederação Brasileira (CBAt) e a Federação Paranaense de Atletismo (FPA), R$ 7 mil a mais do que o previsto no orçamento. “O Observatório fez uma pesquisa de mercado e percebemos que para fazer a oficialização dessa prova custaria R$ 5.500. Além disso, não há nesse caso a necessidade processo licitatório, porque somente a CBAt e a FPA é quem podem validar isso”, salientou Fábia.
Ainda com relação ao evento, o observatório identificou falhas no fornecimento de alimentos. O restaurante responsável não ofereceu o cardápio que foi previsto no contrato. Além disso, faltaram entregar 116 refeições. Outro aspecto questionado foi o pagamento de R$ 4 mil para a divulgação do evento, que deveria ser realizado em uma revista especializada. No entanto, o observatório alega que não há nenhuma comprovação de que o material foi efetivamente publicado.
Grande Prêmio de Atletismo
O Observatório Social também questiona o pagamento de R$ 450 mil para a Confederação Brasileira de Atletismo pela realização do Grande Prêmio Internacional Caixa Maringá de Atletismo. O valor foi pago um dia após o evento, realizado em 30 de maio, um domingo. A rapidez causou estranheza o órgão que acompanha as licitações.
O observatório alega que assim como na prova rústica, o processo não permite aferir detalhamento de serviços contratados. Diante disso, foram encaminhados questionamentos para a prefeitura, que apresentou respostas pouco esclarecedoras. A reportagem tentou contato com a secretária de Esportes Edith Dias, mas ela não foi encontrada para comentar o caso.
Kits educacionais
O processo para aquisição de kits educacionais também foi questionado pelo Observatório Social, que classificou a licitação como “obscura”. O edital de compra, no valor de R$ 835 mil, trazia apenas a descrição "kits escolares", sem especificações (apenas limitando a participação de empresas interessadas). Diante disso, o OSM solicitou a impugnação da licitação.
Em outro caso, foram adquiridos R$ 280 mil em livros por meio de inexigibilidade de licitação, o que foi questionado pelo OSM, já que não se tratava de um material exclusivo, ou seja, poderia ser encontrado em outros locais. Sem cancelar o processo anterior, foi aberto edital de licitação, mas o fornecedor alegou problemas e não entregou os livros. Diante disso, a prefeitura acabou adquirindo os livros com dispensa de licitação.
Segundo a secretária de Educação, Márcia Socreppa, a aquisição de livros por inexigibilidade de licitação teve amparo legal e parecer favorável da procuradoria jurídica do município. Com relação a falta de maior clareza nos processos, Márcia salientou que funcionários de sua pasta tiveram orientação do próprio Observatório Social.
Bermudas
A entrega de uniformes escolares também foi alvo de indagações. O edital para a compra de bermudas previa a entrega dos itens até o dia 15 de agosto deste ano. No entanto, passados mais de dois meses, muitas peças ainda não foram entregues.
Além disso, a empresa responsável pela entrega das bermudas venceu nova licitação. “Essa empresa descumpriu o contrato e não poderia ter participado de nova licitação. Ela deveria ser punida”, salienta o presidente Observatório Social, Carlos Anselmo Corrêa.
A secretária de Educação Márcia Socreppa informou que a empresa de Mandaguari foi multada pela prefeitura, mas que o prazo para defesa do estabelecimento está em aberto. Márcia se posicionou contra a participação desta mesma empresa em nova licitação e disse que o setor jurídico já está tomando as providências cabíveis. “A empresa já demonstrou que não tem condições de assumir compromissos conosco".
Prefeitura se mostra receptiva
A reportagem tentou contato com o chefe de gabinete da prefeitura, Leopoldo Fiewski, mas ele não atendeu aos telefonemas. Já o diretor de licitações da prefeitura, Valdir Pignata, informou que não teve acesso ao relatório do Observatório Social, mas salientou que cada secretaria é quem monta os processos de licitação.
Pignata afirmou que os questionamentos e orientações do OSM estão sendo bem recebidos pelo município. “Estamos sendo receptivos. Nós temos interesse de tornar os processos cada vez mais claros e reconhecemos a importância do trabalho do observatório na mudança de comportamento”. Segundo levantamento do OSM, 86% dos requerimentos de providências foram acatados pelo município.  
Gazeta do Povo

2 comentários:

Anônimo disse...

sera que vai sair no ´pinga fogo???

aposto um pirulito que não...

primeira pgna do diario hoje e duvido que a imprensa local toque no assunto,e assim o povão que só assite o gordão nem fica sabendo de nada das coisas que acontece na cidade... s...

Anônimo disse...

Por que será que este Observatório só vai em ""café pequeno""???
Vai lá no Contorne Norte ver o "disparate" que está acontecendo por lá...
Em uma conversa com um membro deste Observatório(advogado), ele me alegou que não tem equipe qualificada(técnica) para poder averiguar tudo e que é impossível atender toda a demanda.
Bastante estranha esta resposta, dá a impressão que estão dando atenção à "pulga e esqueceram do cachorro"....
Faz de conta que estão observando....