sábado, 22 de janeiro de 2011

Em 2011, Polícia Militar mata um a cada cinco dias


Em menos de uma semana, quatro pessoas perderam a vida em confrontos com a Polícia Militar. As mortes foram registradas entre os dias 15 e vinte deste mês e representam mais da metade das vítimas em situação semelhante registradas em 2010.
A estatística deste ano, abre questionamentos para a situação. A polícia está preparada para enfrentar os bandidos e evitar os confrontos com mortes? Houve a necessidade de atirar para matar?
Foram três confrontos. O mais recente ocorreu anteontem à noite, em Sarandi. Tiago André Júlio de Lara, 21 anos, foi atingido por quatro disparos e morreu na hora. Ele era suspeito de uma tentativa de assalto e recebeu a polícia à bala.
Um dos soldados foi atingido na perna. O oficial está internado no Hospital Metropolitano, mas não corre risco de vida. A arma que estava com a vítima, uma pistola calibre 9 milímetros, de uso restrito das Forças Armadas, foi apreendida.

Ocorrências
As primeiras mortes foram registradas no dia 15 deste mês. Wanderlei Francisco Casonato, mais conhecido como "Neurose", 34 anos, foi morto com um tiro no pescoço, e Antônio Alves de Lima, o "Toninho da Mecânica", 44 anos, com três tiros no peito.
O confronto ocorreu no Bairro Santa Felicidade, em Maringá. A dupla teria cometido um roubo no bairro vizinho, o Sol Nascente. Com as vítimas, a polícia encontrou dois revólveres, um calibre 38 e outro 32, uma porção de crack, ferramentas de supostos roubos, tocas CDs e autofalantes.
Vizinhos de "Neurose", que pediram para não ser identificados, afirmam que a casa dele era ponto de usuários de droga e que o movimento no local era intenso. Um dos filhos da vítima questiona a versão oficial e pediu a realização de exame nas mãos do pai para confirmar se ele teria tentado atirar nos policiais.

Em relação à "Toninho", uma moradora próxima a casa dele, que também solicitou o anonimato, diz que o relacionamento dele com os vizinhos era amistoso. A vítima morava com a mulher e uma filha pequena.
O segundo confronto ocorreu nesta quarta-feira. Paulo Ribeiro Júnior, 39 anos, vulgo "Pudim", foi morto por um policial militar à paisana, depois de tentar assaltar uma imobiliária com um simulacro. Um comparsa que estava com a vítima, foi preso em flagrante.

Consequência
Para o tenente Alexandro Marcolino Gomes, responsável pelo setor de Comunicação do 4º Batalhão da Polícia Militar (BPM), os confrontos seguidos de mortes são resultado da ação policial. "Intensificamos as abordagens para a prevenção do crime. Checamos as denúncias para retirar os bandidos das ruas. Às vezes, ocorre uma coincidência como o fato da imobiliária", afirma.
O oficial declara que nos três confrontos ocorridos neste ano, os policias apenas reagiram a agressão sofrida. "Os policiais cumpriram o deve deles", acrescenta. Sobre a quantidade de tiros disparados (três no peito de dois suspeitos e quatro em outro), Gomes ressalta que no momento da tensão e na tentativa de proteger a própria vida, ninguém pensa em quantas vezes vai acionar o gatilho. "Somos treinados para atirar", resume.
Sobre o caso da imobiliária, o oficial explica que os policiais têm o direito de andar armado, mesmo fora do horário de trabalho."Um policial é policial 24 horas por dia", alega.
De acordo com o presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Maringá (Conseg), coronel Antônio Tadeu Rodrigues, as mortes são consequência de um erro, considerado por ele, histórico no Brasil.
"Instituíram a Lei do Desarmamento, mas não alteraram o Código Penal. Bandido está sujeito à mesma pena do cidadão comum. Sem punição eles continuam matando", comenta.
Rodrigues destaca que os bandidos estão cada vez mais armados. "É uma situação que se agrava para o lado do mal. O policial está ali para defender a vida dele e a do cidadão de bem. Lamentamos as mortes, mas quem fez a opção por usar a arma para o mal foi o bandido", completa o presidente do Conseg.O Diario

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