quarta-feira, 4 de maio de 2011

Nicotina e cocaína têm modos de atuação semelhantes no cérebro

Uma pesquisa da Universidade de Chicago, nos EUA, descobriu que a nicotina e a cocaína acionam os mesmos mecanismos do cérebro quando são consumidas pela primeira vez. O estudo saiu na publicação científica “Journal of Neuroscience”.
Os neurocientistas aceitam que o aprendizado e a memória sejam codificados pelo cérebro por meio de um processo chamado plasticidade sináptica, que é o fortalecimento e o enfraquecimento das conexões entre os neurônios. Quando dois neurônios se ativam com muita frequência, a ligação entre eles fica mais forte, e eles se tornam mais capazes de interagir.
Em pesquisas anteriores, os cientistas já tinham descoberto que a nicotina desencadeia esse processo numa região do cérebro chamada área tegmental ventral (VTA, na sigla em inglês). É nessa região que se produz a dopamina, neurotransmissor que atua sobre o sistema de recompensas do cérebro. Esse mecanismo está relacionado ao prazer em atividades vitais para a espécie, tais como alimentação e sexualidade, mas também desempenha um papel importante nas relações de vício.
O atual estudo buscou compreender melhor como funciona o processo de plasticidade provocado pelo cigarro. Os pesquisadores fatiaram cérebros de ratos dissecados e colocaram as fatias numa solução com concentração de nicotina semelhante à de um cigarro.
Nos testes, eles descobriram que um receptor da dopamina chamado D5, que já era associado à ação da cocaína, também é necessário para que a nicotina atue no cérebro. “Descobrimos que a nicotina e a cocaína empregam mecanismos similares para induzir plasticidade sináptica nos neurônios da dopamina na VTA”, disse Danyan Mao, um dos responsáveis pelo estudo.
“Sabemos com certeza que há grandes diferenças na forma como essas drogas afetam as pessoas, mas a ideia de que a nicotina trabalha com as mesmas conexões que a cocaína indica por que tantas pessoas têm dificuldades em largar o tabaco, e por que tantos que experimentam a droga acabam se viciando”, afirmou Daniel McGehee, neurocientista da mesma universidade que também se dedica a este campo de estudos.G1

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