domingo, 7 de novembro de 2010

Após 30 assassinatos, moradores de rua de Maceió dormem em árvore e em porta de delegacia para fugir da violência

Com medo da onda de assassinatos e sem acesso a albergues públicos, moradores de rua de Maceió estão mudando a rotina durante a noite para não serem vítimas da violência. Segundo dados da Polícia Civil, 30 assassinatos de sem-teto já foram registrados na capital alagoana este ano e estão sendo investigados. A maioria absoluta ocorreu durante a noite e madrugada.

O assassinato em série chamou a atenção de todas as autoridades locais e da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. Em Alagoas, Ministério Público Estadual, Justiça e polícias se uniram para tentar chegar aos culpados pelos crimes. Segundo as investigações da Polícia Civil, não há um grupo de extermínio, e a maioria estaria ligada a acerto de contas entre eles mesmos.Quem não tem acesso ao único albergue público da cidade - que possui apenas 50 vagas - e vive no centro da cidade usa a criatividade para se sentir mais seguro. O desempregado José André da Silva, 29 anos, adotou uma maneira inusitada: construiu uma casa de madeira e lona em cima de uma árvore no mirante de Santa Terezinha, ponto movimentado do bairro do Farol, no centro da capital alagoana.


O desempregado também não acredita na existência de um grupo de extermínio e disse que sente mais seguro - e confortável - em cima da árvore, onde mora desde junho. “Todos os [moradores de rua] que morreram deviam alguma coisa. Seja por drogas, roubo ou agressões. Quem fica longe disso tudo sobrevive. É a lei das ruas”, disse.

O local onde André mora foi montado com tábuas achadas na rua e coberto por lonas. “Aqui além de seguro, não levo chuva”, afirmou.

Para fugir da violência, outros moradores de rua mudaram a rotina e estão dormindo na porta das delegacias durante a semana. A entrada da delegacia de Homicídios, localizada no conjunto Santo Eduarda, é a preferida dos moradores de rua.

"Esta semana dormiram oito moradores de rua na porta da delegacia. Eles disseram aos meus policiais que se sentiam mais protegidos lá", contou a delegada de Homicídios de Maceió, Rebeca Gusmão. UOL

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