domingo, 26 de junho de 2011

Gaeco investiga poda e corte de árvores

Uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) batizada de Galho Seco investiga as podas e os cortes de árvores realizados em Maringá a partir de contratos feitos em 2009 entre a prefeitura e três empresas que realizavam os serviços.
Cerca de dez pessoas, entre elas dois servidores municipais, já foram ouvidos pelo Gaeco e novos depoimentos devem ser tomados no decorrer desta semana.
A operação Galho Seco foi iniciada após denúncias de vendas de madeira, corte de árvores sadias, superfaturamento e subempreitada de serviços (terceirização feita pela própria empresa que venceu a licitação).
As empresas investigadas são a Líder Administração e Recursos Humanos Ltda., Eliezio Cavalcante de Freitas ME e A. C Freitas & Freitas Ltda. Pelo menos uma delas foi alvo de diligência do Gaeco. Atualmente, as podas e cortes são realizados pela própria prefeitura.
Os policiais e o promotor responsável pelo Gaeco, Laércio Januário de Almeida, também estiveram na Secretaria Municipal dos Serviços Públicos (Semusp) e no Paço Municipal para solicitar documentos referentes às licitações, aos contratos e aos serviços prestados pelas empresas.
Essas diligências foram confirmadas pelo procurador-geral do município, Luiz Carlos Manzato, e pelo secretário de Serviços Públicos, Vagner Mussio.
"Pediram informações e cópias dos processos de licitação. Acho que dois funcionários que fazem podas também foram chamados para prestar informações. O que a gente vem acompanhando é isso", afirmou o procurador-geral. A prefeitura também abriu sindicância para apurar se houve alguma irregularidade e informou que não constatou nenhum problema até o momento.
"O promotor visita a secretaria todos os dias. A prefeitura é o lugar onde mais andam", disse Mussio, que criticou os rumores de que documentos e computadores teriam sido apreendidos na Semusp. "Não houve nenhuma apreensão na Secretaria e todos os documentos solicitados foram entregues", afirmou por telefone na tarde de sexta-feira.

Arquivo
Poda e corte de árvores são feitas
atualmente pela própria prefeitura
Posteriormente, em nota, Mussio ratificou as informações de que não houve apreensão de documentos e disse que a denúncia de que havia venda de madeira por prestadores de serviços de poda e remoção foi levada ao Ministério Público após a observação da comercialização do material no mercado local e regional. "De fato, apurou-se que isso estaria acontecendo, mas desde logo esclareceu-se ao Ministério Público que isso estava em conformidade com o edital de licitação, que previa a obrigação do prestador de serviços dar a destinação adequada aos resíduos e que inclusive servia para compor o pagamento pelos serviços efetuados", informou Mussio.
O secretário também minimizou o fato de haver uma investigação sob a condução do Gaeco. "Toda denúncia que levam à Promotoria, os promotores são obrigados a ir atrás. Quem não quiser investigação que não trabalhe no poder público", observou. Mussio, que disse estar tranquilo.
Ontem de manhã, um porta-voz da prefeitura informou que a sindicância interna está checando novamente todos os cortes e podas efetuadas pelas três empresas. Disse que "pode até ter ocorrido algum erro menor, de meia dúzia de árvores, apesar do rigor na fiscalização dos serviços, mas daí a considerar objeto de investigação de crime organizado há uma distância enorme e um despropósito".
Na última semana, manobras de advogados teriam retardado o inquérito no Gaeco. A informação é que houve pedidos de acesso aos documentos da investigação por parte dos investigados e que testemunhas teriam pedido para reagendar os depoimentos para serem ouvidas somente na presença dos advogados.
Dos três proprietários das empresas que mantinham contrato com a prefeitura, dois foram ouvidos e um deles ainda é aguardado para depor. O promotor do Gaeco e os proprietários das empresas foram procurados na última sexta-feira, mas não foram localizados pela reportagem.Murilo Gatti

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