segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ahmadinejad diz não achar necessário enviar iraniana condenada à morte ao Brasil

Brasília – O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse ontem (15) que não vê necessidade de enviar para o Brasil a mulher condenada à morte por apedrejamento no seu país. Segundo ele, as autoridades do Judiciário iraniano também são contrárias à proposta brasileira. Em entrevista exclusiva à rede de televisão estatal, PressTV, Ahmadinejad afirmou que o assunto não deve “criar problema algum” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ofereceu asilo político à viúva acusada de adultério e posteriormente de assassinato.
“Acho que não há necessidade de criar problema algum para o presidente Lula e levá-la ao Brasil”, afirmou Ahmadinejad. “Estamos ansiosos para exportar a nossa tecnologia para o Brasil, não esse tipo de pessoas. Penso que o problema será resolvido em breve”, acrescentou ele.
A viúva Sakineh Ashtiani, de 43 anos, mãe de dois filhos, é acusada de adultério e assassinato do marido. Ela foi condenada por ter mantido relações sexuais com dois homens, depois da morte dele. Também há a acusação de assassinato. Ashtiani e a família negam as acusações. O caso gerou repercussão internacional e o presidente Lula propôs que a mulher fosse enviada para o Brasil.
Ahmadinejad disse ter conversado com as autoridades do Judiciário iraniano. Segundo ele, elas são independentes e assim atuarão em relação ao caso. “Existe uma justiça final e os juízes são independentes. Mas eu conversei com o chefe do Poder Judiciário e do sistema judiciário eles também não concordam [com a possibilidade de enviar a mulher para o Brasil]”, disse.
Na semana passada, em entrevista à Agência Brasil, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, descartou o envio da viúva ao país. O diplomata negou que tenha ocorrido formalmente ao governo iraniano a oferta oficial de asilo ou refúgio político para a mulher por parte do Brasil.
Shaterzadeh reiterou que o assunto envolve apenas o seu país, pois a mulher condenada é iraniana, o que elimina a possibilidade de uma outra nação ser incluída no processo. Para o embaixador, o caso ganhou repercussão internacional porque há uma manipulação por meio da internet e da imprensa estrangeira para constranger o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
“Nós não recebemos de forma oficial pedido ou oferta alguma [de asilo ou refúgio político] para essa senhora ser enviada para o Brasil. Não houve ofício por escrito, nota oral ou troca de notas, como é a orientação na diplomacia em casos assim”, afirmou o embaixador. “Ocorreram crimes e serão julgados conforme o código do Irã que segue preceitos morais e culturais do país”, disse ele. “O processo envolve pessoas iranianas, por que deveria ter o envolvimento de outros países?”
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o embaixador do Brasil no Irã, Antonio Salgado, confirmaram que houve um pedido oral formal ao governo iraniano para o envio da mulher ao território brasileiro. O caso provocou um mal-estar entre as diplomacias dos dois países. Informações de especialistas que acompanham o assunto indicam que a viúva teve a senteça de morte adiada por alguns dias em decorrência da repercussão

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