Maringá intensifica monitoramento da dengue a partir de setembro

Levantamento extra de infestação será feito neste mês para nortear os trabalhos dos agentes de endemia no verão que se aproxima

Com a aproximação do verão, o Paraná foi classificado como área de alto risco de epidemia de dengue para o primeiro semestre de 2011. A declaração partiu do ministro da saúde, José Gomes Temporão, que nesta quarta-feira (1º), também classificou outros dez estados como zonas de risco muito alto. O Ministério também anunciou a criação de um novo indicador para monitoramento da dengue, com foco nos sorotipos 1, 2 e 3. Chamada Risco Dengue, a ferramenta consiste em cinco variáveis, três de saúde, um ambiental e outro demográfico.

Mesmo assim, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) informou que as medidas preventivas não serão mudadas de imediato. Apesar do alerta do MS, por enquanto serão mantidas as parecerias com as prefeituras, defesa civil, na tentativa de reduzir os focos do mosquito.
Já a Secretaria de Saúde do Município de Maringá, cidade que já sofreu com duas epidemias nos últimos quatro anos (2007 e 2010), anunciou que a partir deste mês vai investir em novos levantamentos de infestação para nortear os trabalhos de prevenção a serem adotados no verão. Apenas a cidade de Maringá já registrou 3.652 casos positivos de dengue em 2010, com um óbito.

“Todas as ações possíveis são realizadas, através das secretarias, culminando com o trabalho dos agentes de endemia. Precisamos nos antecipar e descobrir as regiões mais vulneráveis. Não podemos deixar a dengue cair no esquecimento”, disse Antônio Carlos Nardi, secretario de saúde de Maringá e presidente do Conselho Nacional de Secretário Municipais de Saúde (Conasems). Um dos principais problemas é a falta de responsabilidade dos moradores que insistem em não eliminar locais que juntam água. Uma prova disso é vista nos terrenos baldios da cidade, que costumam ficar cheios de lixo e entulho.
A região de Maringá lidera o número de casos confirmados neste ano no Paraná, com 7.111 infectados, seguida pela regional de Foz do Iguaçu, com 6.481 casos. Em todo estado, até a metade de julho, 24.658 pessoas contraíram dengue, sendo que oito pessoas morreram.


Risco Dengue
Um dos objetivos do projeto anunciado pelo Ministério da Saúde é o de ampliar a adoção do LIRA, mecanismo anterior para controle da dengue no país, com 80% de eficácia. Para Temporão, o Risco Dengue possui a vantagem de ser mais sensível e permitir a detecção mais rápida do quadro epidemiológico nos "pontos quentes" ou regiões de risco maior. "É um indicador mais sensível, incorpora o abastecimento de água e a limpeza, além da densidade populacional", disse o ministro. "A probabilidade de avaliar o risco é ainda maior."
O Risco Dengue parte de dados já disponíveis nos municípios e estados e define ações a serem realizadas por todas as esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Para os 26 estados e o Distrito Federal, o risco de epidemia aumenta em municípios de maior porte e regiões metropolitanas que não tenham enfrentado epidemia recentemente nem tenham alta circulação do vírus predominante no país. Ausência ou deficiência dos serviços de coleta de lixo e abastecimento de água, além do índice de infestação pelo mosquito transmissor, também são indicadores importantes de risco para dengue.
Temporão afirmou que nenhuma medida adicional será tomada em relação à possibilidade de disseminação do sorotipo 4 da dengue, vindo da Venezuela e que afetou três pessoas em Roraima, com outros 9 casos suspeitos analisados no Instituto Evandro Chagas, em Belém.
Gazeta do Povo