quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ácido acetilsalicílico combate o câncer de cólon



Estudo divulgado ontem em Berlim aponta que medicamente pode contribuir na redução da suscetibilidade genética sobre o câncer de cólon.
Pessoas com suscetibilidade genética para ter câncer de cólon pode ter suas chances de desenvolver a doença diminuídas pela metade se tomarem uma dose diária de ácido acetilsalicílico (também vendido com o nome de aspirina e AAS), segundo pesquisa divulgada ontem. A descoberta pode levar a outros tratamentos ao ajudar os pesquisadores a entenderem como o ácido acetilsalicílico combate o câncer de cólon, uma das três principais formas da doença em países ricos. 

Embora o medicamento venha sendo utilizado há anos para o tratamento de dores e para o alívio de febre, ele pode irritar o estômago e o intestino e causar sangramento. Pesquisadores europeus acompanharam mais de mil pessoas com a síndrome de Lynch, uma mutação genética que torna as pessoas vulneráveis a ter câncer no cólon, reto, estômago, cérebro, fígado, útero e em outros locais do corpo. A síndrome responde por cerca de 5% dos casos de câncer de cólon. 

Metade dos participantes do estudo recebeu 600 miligramas, ou dois comprimidos de ácido acetilsalicílico por dia, enquanto a outra metade recebeu placebo por cerca de quatro anos. No grupo que tomou ácido acetilsalicílico, seis pessoas desenvolveram câncer de cólon, ante 16 no grupo que recebeu placebo. "Estamos contentes", disse John Burn da Universidade de Newcastle, Grã-Bretanha, que comandou o estudo. 
"Principalmente porque paramos de ministrar o remédio depois de quatro anos e os efeitos continuaram", disse ele em comunicado. Burn apresentou os resultados do estudo ontem em Berlim, durante reunião conjunta da Organização Europeia para o Câncer e da Sociedade Europeia para a Oncologia Médica. 

Especialistas dizem que a descoberta não terá impacto imediato sobre o público em geral. "Isso não significa que as pessoas devem começar a tomar ácido acetilsalicílico se estiverem preocupadas com a possibilidade de terem câncer de intestino", disse Henry Snowcroft, do instituto de Pesquisa do Câncer Grã-Bretanha. "O ácido acetilsalicílico pode causar efeitos colaterais significativos se não usado como recomendado por um médico", disse Snowcroft.

Estudos prévios descobriram que pacientes que já têm câncer de cólon e são tratados com quimioterapia e cirurgia podem reduzir seus riscos de mortes em até 30% ao tomar o medicamento. O ácido acetilsalicílico, medicamento de baixo custo, já é usado por milhões de pessoas no mundo para prevenir ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais. 

"Se isso for verdade, os médicos podem mudar a forma como tratam seus pacientes de risco", disse Alfred Neugut, do Centro Médico da Universidade de Columbia, em Nova York, que fez um trabalho semelhante mas não esteve envolvido nos estudos europeus. Os cientistas ainda não sabem ao certo como a aspirina combate o câncer. 

Por anos, especialistas pensaram que o ácido acetilsalicílico reduzia a velocidade de uma enzima chamada COX2, que atua no crescimento de tumores. Baseado em sua pesquisa, na qual os pacientes só obtiveram benefícios após anos tomando o medicamento, Burn acha que o ácido acetilsalicílico também pode afetar o câncer em células-tronco. Sua hipótese é que o medicamento pode acelerar o processo no qual essas células se destroem se interpretarem "erros de ortografia genética" que possam ser cancerosos. Isso pode resultar efeito protetor contra o câncer já em desenvolvimento. 



(INF:http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=3629)

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