sexta-feira, 20 de maio de 2011

'Atendimento do HU é caótico e desumano', diz presidente da CPI


Um grupo formado por quatro deputados estaduais que integram a CPI dos Leitos do SUS estiveram na tarde de ontem no Hospital Universitário (HU) de Maringá e saíram com a pior impressão possível. Encontraram pacientes deitados sobre colchões e macas nos corredores e ouviram diversas reclamações de quem aguardava atendimento.
"O atendimento aqui é caótico e desumano", disse, mais de uma vez, o presidente da CPI, Leonaldo Paranhos (PSC). Ele veio a Maringá acompanhado dos deputados Adelino Ribeiro (PSC), Nelson Luersen (PDT) e Marcelo Rangel (PPS).
O diretor interino do HU, Dorvalino Gusmão, concordou com os deputados. "É desumano mesmo. Estamos sobrecarregados", disse. A explicação dada por Gusmão aos deputados é antiga conhecida das autoridades locais.
O HU foi projetado há 20 anos para ter 300 leitos – número que seria o ideal para a época. Hoje, são 132 leitos. Antes da chegada dos deputados, funcionários do HU retiraram alguns pacientes dos corredores. Eles foram empurrados com a maca para quartos, conforme relataram enfermeiras aos deputados.
Ainda assim não havia quartos para todos. Luersen disse que a situação em Maringá está pior que a do HU de Londrina. "Aqui encontramos 50 doentes nos corredores e em Londrina, 30."
O diretor interino do HU afirmou não ter participação na operação de camuflagem dos corredores. Ao ser questionado por servidores do hospital se seria prudente deixar que todos os repórteres e cinegrafistas entrarem nos corredores, respondeu que não havia problemas. "Estamos aqui para mostrar a realidade porque esperamos melhoras."
Paranhos abordava os pacientes e perguntava como estava o atendimento. Não ouviu nenhum elogio. A aposentada Vanda Moraes, 70 anos, aguardava alta sentada em uma cadeira havia 5 horas. Ela foi parar no hospital após sofrer um tombo.
Já o paciente Marcos Cardoso, 16, machucou o dedo mínimo da mão esquerda com uma marreta e está no hospital desde segunda-feira. "Nenhum médico me atendeu. Só enfermeiros. Isso aqui é uma bomba", disse, mostrando o dedo enfaixado.
Em um dos quartos, com seis pacientes, a dona de casa Andressa Graziela de Sá, 30, chorava enquanto aguardava o atendimento – ela chegou ao hospital no domingo. "Estou com nódulos no abdômen e ninguém resolve; ninguém dá um remédio para dor. Já tentei pagar médico particular, vendi a minha moto, mas acabou o dinheiro e vim parar aqui."
Paranhos ouviu o depoimento de Andressa, saiu do quarto e ligou para a promotora de Defesa da Saúde Pública de Maringá, Stella Maris Sant’Anna Ferreira Pinheiro. Ele ligou o viva-voz do aparelho e deixou o telefone ficar cercado pelos microfones.
Ouviu da promotora que ela já havia visitado o HU na semana passada e entrado com uma ação pedindo que o hospital operasse sete pacientes. "O HU tem atendido muita gente que não deveria estar aí", disse Stella.
O presidente da CPI levou o celular até Andressa para ela reforçar a queixa. Disse que passou por vários exames e foi mandada de um lado para o outro. "Vou ligar para a 15ª Regional de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde porque ao que me consta não estão com seu nome na fila por uma cirurgia", respondeu Stella.
Santa Rita

Após sair do HU a comitiva seguiu para o Hospital Santa Rita, particular, mas com 64 leitos destinados ao SUS. O diretor do hospital, Iran de Moura Castilho, explicou que na média deste mês o hospital trabalhou com 109% da capacidade do SUS. "O que o Santa Rita tem combinado com a saúde pública está cumprindo."
O hospital não sofreu críticas dos deputados. "Não vimos nada de irregular, mas queremos tirar algumas coisas a limpo, porque um hospital culpa o outro pelo caos no HU", disse Paranhos.Fàbio Linjardi

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