quinta-feira, 2 de junho de 2011

Usuários dizem que é fácil encontrar oxi em Maringá

Nos cerca de 3 anos como usuário de drogas, Wagner Francisco da Costa, 37 anos, consumiu principalmente o crack. Mas de uns tempos para cá, conheceu a "droga da morte" – forma como o oxi é conhecido no Brasil - nas ruas de Maringá.
Costa afirma ter fumado oxi - droga composta com querosene, amoníaco e cal virge, além da cocaína - algumas vezes na cidade. "Tem um cheiro e gosto horríveis. É meio assim", diz, ao mesmo tempo em que mostra uma barra de sabão amarelada - aparência do oxi. De acordo com ele, não foi preciso procurar muito para encontrar a droga, ainda não apreendida em Maringá pela polícia.

Wagner Costa: três meses sem tomar
banho por causa das drogas
"É só andar no Centro. O traficante tem crack e oxi. Ele fica andando lá e os viciados já conhecem. É fácil encontrar oxi em Maringá."

Na última terça-feira, ele e o amigo Bruno de Souza, 20, tomaram a decisão de deixar o mundo das drogas. Na Avenida Tiradentes, a uma quadra de um dos pontos mais famosos da cidade, a Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Glória, eles estavam com duas pedras de crack, de R$ 10 cada, e preparavam a lata com cinzas de tabaco para fumá-las. Acostumados à vida nas ruas, com frio, sujeira e fome, esperavam ficar os próximos instantes anestesiados sob o efeito do crack.
"Pronto para dar uma ‘bola’, olhei para ele e vi nosso estado. Três meses sem tomar banho e sem escovar os dentes. Jogamos as pedras e resolvemos procurar tratamento para sair dessa vida", conta Wagner.
Esse parênteses da vida de Wagner começou quando, há 3 anos, conheceu uma garota de programa que usava drogas.
"Já tinha ouvido que droga fazia mal, mas não acreditava que era tanto. Foi uma tragada. A fumaça entrando no meu pulmão, quando soltei, minha vida mudou", conta. A casa e a moto que tinha, ele "fumou". Restou só a rua.
Em todas histórias que conta do período, o homem destaca a importância da droga para o viciado. Em Foz do Iguaçu, Wagner narra ter presenciado um assassinato por acerto de contas.
"Avisaram ele para não ir buscar a droga, o ‘cara tava’ devendo e avisaram que se fosse ia morrer. Mas a vontade de fumar era tão grande que ele foi e mataram ele."
Com as dores no corpo de quem está há horas sem consumir crack, Wagner diz que vai superar esse momento difícil. A intenção é retornar à família que sofreu muito mais do que ele durante durante esses anos.
"Uma vez estava pedindo dinheiro em um semáforo na Avenida Colombo e acabei pedindo para um tio. Ele me reconheceu e começou a chorar. Mas para ver onde a droga te leva: eu não senti nada. Ele me deu dinheiro para que eu fosse comer, comprar uma roupa. Virei as costas e fui comprar droga", afirmou.
Prometendo ter força de vontade para continuar qualquer tratamento, Wagner conta as histórias com um objetivo. "Conseguir ajudar, uma pessoa sequer, a não seguir esse caminho ou sair o mais rápido possível das drogas", afirma.
Na manhã de ontem, Wagner e Bruno estavam no Albergue Santa Luiza de Marillac. De lá, ambos devem ir para uma unidade de tratamento de dependentes químicos.
O assistente social do albergue, Daniel Chicarelle, conta que foram indicados a tratamento ambulatorial. A expectativa do assistente social é que eles sejam transferidos "o quanto antes" para uma casa de recuperação.
Chicarelle diz que é comum a procura por tratamentos de dependência química nos meses mais frios do ano, quando fica difícil morar na rua. Muitos deles não conseguem chegar ao final do tratamento, mas Wagner quer desafiar a previsão.
Assistência
7 mil atendimentos a usuários de drogas foram feitos em 2010 pela Secretaria de Assistência Social e Cidadania de Maringá

Ajuda
Para tratamento de usuários de drogas e álcool, A Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Sasc), costuma indicar como referência o Centro de Assistência Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps-AD), que fica na Rua São Pedro, 1771. Os telefones da Sasc são (44) 3221-6405 e
3221-6400.Poliana Lisboa

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