Instantes após o crime, "Tatu" tentou esfaquear um sobrinho da vítima e acabou sendo executado com quatro tiros no peito.
Apesar de ter sido preso e autuado em flagrante por homicídio, o gesseiro Luiz Henrique dos Santos, 19 anos, recebeu o apoio da maioria dos moradores do bairro onde reside.
De acordo com a Polícia Civil, o incidente ocorreu por volta de meia-noite em um bar localizado na Rua Rio Grande do Sul, Vila Regina, zona oeste da cidade. Bastante conhecido no bairro, "Burrão", foi ao estabelecimento para quitar algumas dívidas pendentes e encontrou-se casualmente com "Tatu" também morador do bairro e libertado recentemente da cadeia.
Ao saber que Pereira havia recebido a primeira parcela do décimo terceiro salário, o ex-presidiário teria passado a exigir uma certa quantia para comprar crack, pedido veementemente recusado pela vítima.
Diante da recusa, Cruz sacou uma faca da cintura e tentou tomar o dinheiro à força. Conhecedor dos antecedentes criminais do rapaz, que já havia cumprido pena por tentativa de latrocínio e furto, Pereira tentou fugir correndo, mas foi alcançado e esfaqueado até a morte.
Populares que presenciaram o crime correram até a casa de Pereira, a pouco mais de trinta metros de distância do local, e avisaram os familiares dele, entre eles o sobrinho Luiz Henrique. Armado com um revólver calibre .22, o rapaz correu para a rua e deparou-se com "Tatu", que ainda segurava a faca na mão.
Após uma breve troca de ameaças, Santos apontou a arma em direção de "Tatu" e efetuou quatro disparos, todos a curta distância. Alvejado no peito e abdome, "Tatu" teve morte instantânea.
Em seguida, Santos jogou a arma no quintal de uma residência próxima ao local do homicídio, caminhou ate onde o tio havia caído e presenciou o último suspiro dele. O jovem ficou no local até a chegada da polícia e assumiu a autoria do crime após ser levado à Delegacia.
"Ele ("Tatu") tentou me esfaquear e eu tive que atirar. Foi em legítima defesa. Era eu ou ele", justificou o rapaz ao delegado Osmir Ferreira Neves.
Para os moradores da Vila Regina, as mortes poderiam ter sido evitadas caso a lei que determina o fechamento dos bares após as 23 horas estivesse sendo cumprida. Sancionada em 11 de novembro de 2005, a lei 1.617 foi a solução encontrada pela prefeita Maria Ângela da Silveira Benatti (gestão 2005/2008 - 2009/2012) para reduzir os altos índices de violência no município.
Como a prefeitura não dispõe de fiscais para fiscalizar e fazer valer a lei, coube à Polícia Militar o compromisso de visitar os estabelecimentos e encaminhar ao Ministério Público a lista de quem se recusava a baixar as portas dentro do horário.
Em entrevista a O DIÁRIO, moradores da Vila Regina disseram que a lei funcionou por pouco tempo.
“A lei não pegou e a polícia só aparece depois que alguém é morto”, reclamou uma moradora que preferiu não se identificar.
De acordo com o diretor da Câmara Municipal, Juarez Domingues, a lei estabelece que entre domingo e sexta-feira o funcionamento de bares e lanchonetes só é permitido entre as seis horas e 23 horas.
Aos sábados e feriados, o fechamento é estendido para as duas horas da madrugada. Só podem funcionar além destes horários os estabelecimentos que têm um alvará especial, fornecido pela Prefeitura.
Domingues explicou, ainda, que a função de fiscalizar os estabelecimentos é do Poder Executivo e não da Polícia Militar (PM).
De acordo com ele, logo que a lei entrou em vigor a PM aceitou trabalhar em prol do município, orientando os comerciantes a fecharem as portas após o horário estabelecido. “No começo funcionou, mas hoje poucos fecham dentro do horário”, confirmou.Roberto Silva
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