quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Semusp despeja detritos em terreno particular



                                     Imagem foi feita no dia 5 de agosto; local não foi limpo até hoje
Um caminhão da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Semusp) descarregou resíduos de bueiros em um terreno particular e não retirou a sujeira, mesmo depois de pedidos de limpeza. A denúncia é do proprietário do terreno em questão, o piloto agrícola Ricardo Leal, que fez vídeos do caminhão da Semusp em sua propriedade e enviou à reportagem de O Diário.
Leal afirma que a vizinhança já o havia alertado de duas outras vezes em que caminhões da Semusp haviam depositado detritos em seu terreno. Na terceira vez, ele conseguiu fazer o vídeo flagrando a ação. O terreno, localizado na Rua Maringá, Jardim Aclimação, já havia aparecido em reportagem de O Diário em 27 de abril deste ano, retratado como exemplo de descaso e acúmulo de lixo. Depois da matéria, Leal se comprometeu a manter o terreno limpo.
"O problema é que se veem a própria prefeitura jogando lixo aqui, todo mundo quer jogar, serve como péssimo exemplo", diz. Segundo o dono, construtoras e carroceiros costumeiramente usam a área como depósito de entulho.
"Dá para encontrar de tudo aqui, tela de computador, pia, pneu... Eu procuro ficar atento, já paguei a limpeza da outra vez, mas assim não venço."
Os vídeos foram feitos em 5 de agosto. Leal conta que não procurou a imprensa antes porque tentou entrar em contato com a prefeitura para que o terreno fosse limpo. Depois de quase quatro meses, no entanto, nenhuma providência foi tomada.
"Não queria colocar a boca no trombone, mas assim fica difícil. A prefeitura poderia ao menos limpar o que sujou." O piloto conta que, ao fazer os vídeos, o motorista do caminhão disse que logo no dia seguinte uma equipe passaria para recolher o material. Os veículos da prefeitura não voltaram a despejar detritos no terreno, mas não efetuaram a limpeza. "O amanhã nunca chegou."

Autorização
O promotor do Meio Ambiente, Manoel Ilecir Heckert, afirma que a prefeitura só poderia ter feito o despejo com autorização dupla do proprietário e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) – a Semusp não tinha nenhuma das duas licenças.
De acordo com Heckert, o IAP teria de ser consultado pela prefeitura para verificar se o material despejado causa danos ao meio ambiente.
"Mesmo em resíduos de bueiros, pode haver metais pesados", diz. O promotor acrescenta que o despejo de detritos em área particular só pode ser feito com autorização expressa do proprietário. "Ninguém é obrigado a concordar, até mesmo porque se houver nos dejetos algo prejudicial ao meio ambiente, o dono do terreno é corresponsável."

Outro lado
O secretário de Serviços Públicos, Vagner Mussio, afirma que é um "procedimento comum" os caminhões de limpeza de bueiros, quando estão cheios, descarregarem detritos sobre terrenos baldios, para, no dia seguinte, um caminhão simples de limpeza passar na área. "Geralmente fazemos o despejo em áreas públicas, mas como já limpamos esse terreno, o funcionário pode ter achado que era nosso."
O secretário diz que o procedimento se dá por uma questão de logística, já que seria extremamente dispendioso caminhões dotados de equipamento especial se dirigirem à Pedreira Municipal cada vez que estivessem sobrecarregados, depositarem o entulho, e somente depois disso voltarem a ser usados em trabalho.
"Não daríamos conta do serviço, esse caminhão custa em torno de R$ 600 mil, não pode ficar duas horas em desuso." Mussio afirma não ter requerido autorização do IAP porque o material despejado é orgânico, composto basicamente de terra. "Não traz dano algum."
O secretário acrescenta que "o que pode ter acontecido" é um erro da Semusp, que não teria passado para limpar o terreno de Leal no dia seguinte ao despejo.
"Há enganos, lido com seres humanos, não com máquinas". Mussio afirma, no entanto, que se o proprietário tivesse procurado diretamente a Semusp, a limpeza já teria sido feita há muito tempo. "Ele está no direito de reclamar. Se não limpamos mesmo, estamos à disposição."O Diario

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