Trânsito de Maringá faz 3 feridos a cada 4 horas

Há 5 anos no Corpo de Bombeiros de Maringá, a tenente Ynaiti Dias já sabe que vai atender a vários acidentes no trânsito durante o dia, até o encerramento do plantão. A jornada de 24 horas tem uma média de 17 feridos por dia. As ocorrências são atendidas por cinco equipes, de postos espalhados pela cidade. Cada equipe encerra o turno tendo atendido ao menos três vítimas.

"Nos horários de pico, chega ao ponto de termos todas as equipes nas ruas, atendendo os machucados nos acidentes. A gente já vem para o plantão sabendo que vai ter um acidentado para socorrer", conta a oficial, que comandava o plantão de ontem.

Arquivo DNP

Acidente em Maringá; colisões entre carros e motos são as ocorrências que mais ferem pessoas na cidade

O intervalo entre acidentes com vítimas vem caindo anualmente em Maringá. Em 2010, o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) atendeu a 6.093 pessoas feridas no trânsito, média de uma vítima a cada 1 hora e 26 minutos. Já no passado foram 6.452 atendimentos, média de um caso a cada 1 hora e 21 minutos.

O número de acidentes cresce junto com a evolução da frota. Em 2011, o aumento de feridos no trânsito foi de 5,8% ante 2010. Já a frota, até novembro – dados mais recentes disponíveis – havia crescido 6,6%, chegando a 253 mil unidades - média de 47 veículos a mais por dia nas ruas.

As colisões entre carros e motos foram a principal causa de feridos no trânsito em 2011, com 2.247 casos. Em segundo lugar aparece a queda de moto, com 884 vítimas atendidas pelo Siate. Já as colisões entre dois carros resultaram em 814 feridos. Do total de vítimas atendidas, foram 4.455 homens e 1.997, mulheres.

Letalidade
Apesar do crescimento do número de acidentes atendidos pelo Siate, o total de mortes caiu em 2011. No ano passado, 79 pessoas perderam a vida no trânsito. Em 2010, o número de óbitos chegou a 104 – redução de 24%. Apesar da queda, a soma ainda é superior ao ano de 2009, quando 58 pessoas perderam a vida no trânsito da cidade. O mês mais violento nas ruas em 2011 foi em julho, quando 12 pessoas morreram.



INDIVIDUALISMO


Gescielly Tadei >> Psicóloga e professora do Cesumar


O número de acidentes com feridos segue crescendo na cidade. O que explica isso?

É o resultado de uma socidade individualista, onde um acaba não cedendo espaço para o outro. O raciocínio é que a outra pessoa não tem importância, e o que vale é o meu tempo. Parece drástico falar isso, mas a relação que tem se estabelecido para com o próximo tem reflexo no nosso trânsito. Certamente, você connhece alguma pessoa calma, mas que muda de comportamento ao assumir a direção. Ela começa a xingar os outros motoristas e bater a mão no volante, um reflexo dos dias que vivemos.

A frota está aumentando. Mas só isso explica o aumento de vítimas?

O poder aquisitivo aumentou. Hoje você vai em uma concessionária e sai com um carro pagando R$ 500 por mês. A facilidade de comprar um veículo, infelizmente, não foi acompanhada na mesma velocidade pela conscientização das pessoas para com o trânsito.

Qual a forma mais eficiente de conscientizar a população?

Acredito que uma das melhores alternativas é ensinando as crianças nas escolas. Acho muito bacana o trabalho que a Polícia Militar vem desenvolvendo.O Diario