quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cientistas descobrem na Amazônia nova espécie de peixe que come madeira

Cientistas identificaram uma nova espécie de peixe que se alimenta de madeira, em expedição realizada entre 21 de julho e 3 de agosto deste ano.
 A descoberta foi feita durante o projeto "Revisão da Fauna Aquática no Parque Nacional do Alto Purus", financiado pela Fundação Nacional de Ciência (NSF, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, na Amazônia peruana.

A expedição marcou a terceira etapa de um estudo feito durante três anos para documentar a vida aquática dos departamentos de Ucayali e Madre de Dios, nas cabeceiras dos Rios Yurúa e Purus, no Peru.
Integrante da equipe de cientistas da expedição, o brasileiro Paulo Petry, professor associado do departamento de ictiologia no Museu de Zoologia Comparada da Universidade Harvard, nos EUA, explica que os exemplares encontrados da espécie são os primeiros que permitirão a retirada de tecidos para fazer análises genéticas.
"A descrição formal da especie deverá sair em dezembro na revista 'Copeia' e está sendo feita por três colegas especialistas", diz Petry, que também é cientista da organização não-governamental The Nature Conservancy (TNC).
O peixe identificado é de uma nova espécie de panaque, um tipo de cascudo que come madeira, segundo Petry. "O grupo tem dentes em forma de colher, que são adaptados a raspar os troncos de árvores que caem nos rios. Este padrão de dentição é único a este grupo que consome madeira", diz ele.
Petry explica que existem cerca de 12 espécies de cascudos que comem madeira, distribuídos em grandes bacias hidrográficas na América do Sul. "Várias delas são endêmicas e têm uma distribuição relativamente restrita. A espécie que coletamos é a de maior porte que se conhece, chegando a 70 cm de comprimento. No Peru, a chamam de carachama gigante", conta Petry.
Indígenas na região do Purus já conheciam o peixe, segundo o professor. "Eles o chamam de ishgunmahuan no idioma sharanahua", diz.
"Os primeiros exemplares foram encontrados na região oeste da Amazônia peruana há alguns anos e eram somente as carapaças ósseas externas. Não haviam sido encontrados exemplares vivos."

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