quinta-feira, 10 de maio de 2012

Migrantes formam a maioria da população de Maringá


Há 65 anos nascia Maringá, uma cidade que desde o início foi planejada para receber pessoas interessadas em construir aqui a sua vida. Conhecida por seu forte mercado de trabalho, famosa por sua beleza e qualidade de vida, além dos bons estabelecimentos de ensino, a cidade reuniu, ao longo das décadas, vários aspectos que atraíram milhares de pessoas para o município.
Dados do Censo de 2010, divulgados pelo IBGE, mostram que 58,3% da população da cidade (cerca de 208,2 mil pessoas) não é natural de Maringá. Entre eles encontram-se 1114 estrangeiros, e aproximadamente 23% vieram de fora do Paraná. Maringaenses "da gema" somam 148.780, ou seja, 41,7% dos moradores.
A porcentagem de pessoas que vieram de outras cidades quase não se alterou em 10 anos. Apesar da população ter crescido cerca de 23% neste período, no início da década 58,2% dos moradores eram de outros municípios, uma proporção muito próxima do perfil atual.
Os números de Maringá entram em contrates com os apresentados por Londrina, que há 10 anos apresentava um equilíbrio entre migrantes e naturais da cidade. Em 2010, no entanto, houve um crescimento dos londrinenses natos. Conforme o último Censo do IBGE eles eram 55,6% dos moradores.
Para a professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Sueli de Castro Gomes, doutora em Geografia das Populações, os números mostram que Maringá continua atraindo pessoas de fora. "Se olharmos a pirâmide etária da população, verificamos que o quantidade de crianças diminuiu. Isso significa que o crescimento da população ocorreu especialmente entre jovens e adultos, e grande parte deles vindos de outras cidades", ressalta.
O retorno dos imigrantes
Para a pesquisadora da UEM, vários fatores explicam a atração para a cidade, como a crise econômica mundial, o crescimento do mercado de trabalho e os estabelecimentos de ensino.
"Temos muitos descendentes de japoneses na cidade. Com a crise de 2008, vários deixaram o Japão e retornaram para suas famílias", ressalta Sueli. Este é o caso de Roberta Souto Maior, 27 anos. Ela e o marido voltaram para Maringá em 2009, com a crise financeira mundial. "Eles demitiram os estrangeiros, para dar prioridade aos japoneses. Primeiro foi meu marido e depois eu. Tivemos que pedir dinheiro emprestado para retornar para o Brasil. Foi tudo muito brusco, pois não planejávamos voltar", lembra.
Três anos depois, Roberta e o marido montaram um bar no Jardim Liberdade e não pensam em voltar para o Japão. "Nossos negócios vão bem. Se trabalharmos aqui a mesma quantia que trabalhávamos no Japão, também conseguimos construir um patrimônio", relata.
Esta é uma tendência constatada em todo o Brasil. "Hoje vemos estrangeiros bem qualificados vindo morar em nosso País, fugindo da crise na Europa", relata Sueli.
Forte mercado de trabalho
Em 2011, Maringá foi a terceira cidade do Paraná que mais gerou empregos, e a 43ª no ranking nacional. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que somente no ano passado foram 87.047 contratações, sendo que 8.419 foram por conta de abertura de novas vagas.
O advogado Leonardo Serra Almeida Pacheco veio do Espírito Santo. Quando ele se formou em Direito em 2003, sabia apenas que Maringá ficava no Paraná.
"Um professor me aconselhou a tentar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Maringá. Agradeci o convite, e deixei a ideia de lado. Foi quando vi uma promoção de passagem a R$200 ida e volta de avião. Resolvi tentar. Fiquei cinco dias aqui e neste período recebi dois convites de trabalho em escritórios. Voltei pra Vitória determinado a fazer minha mudança. Moro na cidade desde o dia 29 de abril de 2005", lembra.
Segundo Leonardo, a boa recepção, aliado à qualidade de vida e segurança, foram fatores que estimularam a sua mudança. "Por mais que a gente reclame o trânsito de Maringá é pífio comparado com os das capitais. Sem falar que aqui eu posso sair do meu escritório à noite e ir à pé para casa sem medo de assaltos. Em Vitória não faria isto nem durante o dia", ressalta.
Polo universitário
Maringá se tornou um polo universitário, com 15 instituições de ensino superior e pós-graduação e 50 cursos de mestrado e doutorado, que orientam mais de 40 mil pessoas. Desse total, 50% dos alunos são de outros municípios, sendo que 20% deles se mudam para Maringá para concluir os estudos. O setor movimenta aproximadamente R$ 500 milhões por ano, segundo dados do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Noroeste do Paraná (Sinepe).
André Rocha Cordeiro, de 20 anos, morava em Sinop (MT). Há pouco mais de três anos ele decidiu mudar-se para Maringá para fazer cursinho e tentar ingressar na UEM. "Sinop tem muitos maringaenses, por isso todos conhecem a fama da UEM lá. Como tenho familiares aqui, resolvi mudar e tentar entrar numa instituição de qualidade", conta.
Hoje Cordeiro está no segundo ano do curso de História da UEM e trabalha na secretaria de um colégio particular. "Comecei no meu serviço três meses após me mudar. Acho que só não consegui antes porque não tinha carteira de trabalho", fala.
Cordeiro conta que a fama de Maringá o impulsionou a mudar de cidade. "Todos falavam de sua beleza e da boa estrutura que oferecia. Quando cheguei gostei de imediato. É a cidade que adotei e onde pretendo construir minha vida", afirma.Rubia Pimenta/O Diario

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